A vespa das galhas do castanheiro (Dryocosmus kuriphilus) é um inseto invasor que causa danos significativos nos castanheiros, afetando o seu crescimento e consequentemente a produção de castanha. Perante esta ameaça, a luta biológica tem emergido como alternativa sustentável e eficaz para o controlo dessa praga.

A luta biológica envolve o uso de organismos vivos, como parasitoides, para controlar a população da praga de forma natural. No caso da vespa das galhas do castanheiro, o parasitoide predador é o Torymus sinensis. As fêmeas deste inseto, apelidado como “inseto bom”, no início da primavera colocam os ovos nas galerias existentes dentro das galhas verdes que entretanto se formaram. Nestas galerias encontram-se as larvas da vespa das galhas do castanheiro que vão servir de alimento às larvas provenientes dos ovos das fêmeas do Torymus. Durante o inverno as larvas do Torymus mantêm-se dentro das galhas e no início da primavera os adultos emergem, assim se inicia novamente o ciclo de vida do Torymus sinensis.

 

Protocolo de cooperação numa área de castanheiro de cerca de 30 000 hectares de souto

A Refcast – Associação Portuguesa da Castanha desde 2015 tem desempenhado um papel fulcral no combate a vespa das galhas do castanheiro com a coordenação de um protocolo de cooperação com os municípios, o designado por Biovespa, que está enquadrado na Comissão de Acompanhamento, Prevenção e Combate à Vespa das Galhas do Castanheiro (Despacho n.º 5696/2017, DR 2.ª série, N.º 124 de 29 de junho) tendo permitido o envolvimento até 2022 de 117 municípios, correspondendo a uma área de castanheiro de cerca de 30 000 hectares de souto.

Nesta área foram realizadas até 2023, 4 604 largadas, correspondendo a um financiamento direto por parte dos municípios de 966 840 €. De forma a permitir um melhor acompanhamento por parte dos produtores e simultaneamente uma melhor coordenação do processo, foi criada uma página web (www.biovespa.eu) à qual os interessados podem aceder e ficar a conhecer onde foram feitas largadas de parasitoide até à atualidade.

O protocolo Biovespa inclui a monitorização da população da vespa das galhas, o que permite saber se o grau de infestação da praga está a diminuir. Esta monitorização é feita pela RefCast pela colheita de galhas que são posteriormente enviadas para o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária que em parceria com a DGAV – Direção geral de Alimentação e Veterinária, faz a validação dos dados enviados. A taxa de galhas parasitadas está em crescimento tendo sido em 2021 de 8%, em 2022 foi de 12%, e em 2023 de 23%. A taxa de infestação, situou-se em 2023 no equivalente a 22% dos gomos abrolhados com galhas.

Autores:
Ana Barros e José Gomes Laranjo
RefCast – Associação Portuguesa da Castanha

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