Novo surto em Espanha de Doença Hemorrágica Epizoótica em cervídeos e bovinos, com vários focos confirmados na Extremadura e Andaluzia

A ANPC – Proprietários Rurais tem vindo a seguir os desenvolvimentos verificados em Espanha relativamente a um novo surto de Doença Hemorrágica Epizoótica, com especial impacto nas populações de veado, nas províncias da Extremadura e Andaluzia, mantendo ainda contacto com a DGAV.

Vários focos foram confirmados até ao momento em Espanha. Apesar de não terem sido ainda reportados casos em Portugal, importa manter um elevado estado de alerta e a vigilância permanente para a deteção precoce de quaisquer casos que possam vir a ocorrer em Portugal, pelo facto do surto ter ocorrido muito próximo da zona raiana, ser transmitido por um pequeno mosquito (semelhante ao que transmite a língua azul) que é facilmente transportado pelo vento; e pelo facto de existir continuidade de populações de cervídeos entre estes territórios espanhóis e Portugal.

Importa salientar que o surto deste ano, potenciado pelas chuvas tardias que ocorreram na primavera (as quais promoveram o ressurgimento dos pequenos mosquitos que são vetores deste vírus), já tinha ocorrido no final do ano passado em bovinos e cervídeos.

Este surto levou inclusivamente à publicação do EDITAL (https://www.dgav.pt/…/12/Edital1_DEH_2dezembro2022.pdf) que definiu uma área de risco que cobre grande parte do território nacional e impôs uma série de regras e restrições a adotar, condicionando ainda a movimentação de animais vivos (bovinos, ovinos e caprinos), bem como camelídeos e cervídeos para outros Estados Membro da EU.

A DGAV disponibiliza informação sobre este surto no seu portal no link https://www.dgav.pt/…/noti…/virus-da-doenca-hemorragica

O surto está atualmente ativo em Espanha e têm sido confirmados novos casos nos últimos dias, pelo que se apela aos gestores das zonas de caça, especialmente aqueles junto às zonas raianas, que estejam particularmente atentos a sinais anormais em veados (espécie de cervídeo mais afetada), outros cervídeos e bovinos e ovinos.

Os principais sinais de alerta em cervídeos a ter em conta são:
1. Febre e falta de apetite, levando muitas vezes a que os animais se aproximem de pontos de água;
2. Prostração e perda do instinto de fuga;
3. Estomatite ulcerativa com lesões na mucosa da boca, produção excessiva de saliva e dificuldade em engolir, sendo frequente animais com espuma na boca;
4. Coxeira devido à inflamação das coroas dos cascos;
5. Úbere avermelhado;
6. Pode provocar a morte do animal mas em Espanha a mortalidade em cervídeos encontra-se abaixo de 10%.
Caso detetem animais com estes sintomas, deverão imediatamente contactar as autoridades competentes, nomeadamente a DGAV através dos Serviços Regionais.

Como boas práticas recomenda-se o abate de animais que apresentem fortes sinais de poderem estar afetados pela Doença Hemorrágica Epizoótica, bem como a imediata comunicação à DGAV para a recolha de amostras e obtenção de indicações para a remoção do cadáver do campo.

Para a confirmação da Doença Hemorrágica Epizoótica será necessário a recolha de amostras de baço para posterior análise em laboratório de referência.

Caso seja detetado algum caso, não se deve:
1. Administrar antibióticos ou rações mendicamentosas porque a doença é causada por um vírus para o qual os antibióticos são inefecientes;
2. Não desinfetar charcas e pontos de água porque o vector do vírus (mosquito) não está associado a massas de água, desenvolvendo-se em excrementos de animais;
3. Evitar a concentração de animais em pontos de água ou alimentação;
4. Não fazer movimentação/translocação de animais.

Apesar da situação ser preocupante, em especial em Espanha, salientamos uma vez mais que a mortalidade parece ser relativamente baixa.

Não obstante, a deteção precoce de qualquer caso que ocorra no nosso País é determinante para que os focos possam ser contidos e para que haja um tratamento adequado do problema, apelando-se a todos um nível de vigilância suplementar.