TEMOS QUE ARMAZENAR MAIS ÁGUA

❝ A seca no Algarve é acima de tudo uma seca de decisões porque água temos

Macário Correia • Presidente da Associação de Regantes do Sotavento Algarvio

Nos últimos dias, aquilo a que se assiste por parte do Governo são anúncios de cortes para este Verão. Decisões quanto ao futuro são escassas e nenhuma sobre aumento do armazenamento de água, que é manifestamente a questão central.

Portugal tem água em grande quantidade a Norte e com rios a correr para o mar todo o ano. É mais fácil fazer uma conduta em transvases do que uma autoestrada. Autoestradas temos várias e conduta nenhuma. E o discurso oficial não toca nisto. O próprio Algarve tem água, só que não é armazenada. Temos seis barragens feitas nos últimos 60 anos. Mas desde que Odelouca começou a encher em 2009, nunca mais se avançou com a seguinte que é obviamente na Ribeira da Foupana. Ninguém hoje em dia pode ignorar as tendências do clima e a quebra das precipitações, mas várias ribeiras do Algarve continuam a correr, em especial no Inverno e sem qualquer aproveitamento. A economia da região precisa de se desenvolver, com mais produção de alimentos e com mais equipamentos turísticos, mas a água é um fator limitante. Nestes dias o Governo fala-nos de cortes, mas nada nos disse ainda sobre a barragem da Foupana, cujo projeto já se deveria ter iniciado. Esta é a decisão certa e urgente. A central dessalinizadora de Albufeira irá produzir água cara e em pequena quantidade.

Estão na agenda mediática dois outros assuntos, mas ainda inseguros e insuficientes. Por um lado, fala-se de uma conduta no Guadiana no local do Pomarão para tirar água para a barragem de Odeleite, mas tal tem a oposição do Alqueva e não estará negociado com Espanha. Por outro, a central dessalinizadora de Albufeira irá produzir água cara e em pequena quantidade. Enquanto chover água doce e que corre para o mar sem ser armazenada, parece que seria mais barato aproveitar esta.

O Algarve não pode viver em cada Verão com sucessivas restrições de consumo, quando tem ribeiras, com a Foupana, o Vascão, o Algibre e outras sem qualquer regularização. Se a Foupana hoje estivesse feita, bastava que tivesse a 40% da sua capacidade e teríamos água sem dificuldade para todo o Sotavento e para o Algarve Central, para todos os consumos (…).

→ Leia o artigo completo na edição de julho 2023: