O valor das exportações florestais aumentou, pelo segundo ano consecutivo em 2022, para 7,1 mil milhões de euros, contribuindo para um excedente da balança comercial de 3,3 mil milhões de euros. Estes são montantes recordes, que demonstram a importância do sector florestal no comércio internacional português.

Depois da Covid-19 ter limitado o comércio internacional em 2020, os dois anos seguintes permitiram recuperar o ritmo das transações com o exterior e, no caso do sector florestal, ultrapassar a representatividade que tinham antes da pandemia. Os produtos industriais com origem na floresta têm sido os grandes impulsionadores do valor das exportações florestais, alavancando o excedente da respetiva balança comercial, que registou um novo valor recorde em 2022, superando os 3,3 mil milhões euros.

Os dados da “Balança comercial dos principais produtos de origem florestal” relativos a 2022 foram divulgados pelo INE – Instituto Nacional de Estatística, em junho de 2023 (no âmbito das Contas Económicas da Silvicultura 2021) e, sendo ainda preliminares, indicam um aumento de 20,5% no excedente da balança comercial do sector face a 2021, que se seguiu a um acréscimo de 14,8% no ano anterior. Refira-se que, embora com um abrandamento de perto de 8% entre 2019 e 2000 (de quase 2,6 mil milhões para perto de 2,4 mil milhões de euros), o saldo do comércio internacional do sector florestal tem-se mantido em terreno positivo.

As mesmas estatísticas revelam que, em 2022, o valor das exportações florestais (que inclui materiais de origem florestal e produtos industriais deles derivados) foi o mais elevado de sempre, totalizando 7,1 mil milhões de euros, cerca de 25,8% acima do ano anterior.

As exportações florestais passaram, assim, a representar 9,1% do total das exportações de bens em Portugal (que, de acordo com o INE, ascenderam a 78,2 mil milhões de euros).

O grande contributo para este montante das vendas ao exterior é dado pelos produtos florestais transformados pela indústria em Portugal, que são responsáveis por mais de 6,9 mil milhões de euros, o equivalente a 98% das receitas totais obtidas com as exportações florestais. Os restantes 2%, mais de 156,6 milhões de euros, vieram das vendas de materiais de origem florestal (madeira, cortiça e outros).Tal como foi significativo o aumento do valor das exportações, o montante das importações também registou um forte acréscimo entre 2021 e 2022 (cerca de 30%), o que significou o pagamento ao exterior de 3,8 milhões de euros. Os produtos industriais de origem florestal adquiridos além-fronteiras contribuíram com a maior fatia, de mais de 3,2 mil milhões de euros (84% do montante total), enquanto as matérias-primas florestais implicaram o pagamento ao estrangeiro de 592 milhões de euros (16%).

Quando contabilizadas as verbas recebidas (exportações) e as pagas (importações), o saldo obtido com o comércio externo de produtos industriais de origem florestal é de 3,7 mil milhões, um excedente que compensa largamente o défice que se regista nos materiais de origem florestal. Este é, aliás, um défice que tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos e que, em 2022, ultrapassou os -435 milhões de euros.Os produtos que impulsionam o valor das exportações florestaisPapel e cartão são os principais produtos que têm impulsionado o valor das exportações florestais portuguesas. Em 2022, representaram 42% do montante de bens industriais de origem florestal exportados pelo sector, trazendo à economia portuguesa mais de 2,9 mil milhões de euros (sensivelmente 9 milhões mais do que em 2021).

Mais de 2,2 milhões de toneladas de papel e cartão “made in Portugal” seguiram além-fronteiras em 2022, cerca de 50 mil toneladas mais do que no ano anterior.

Seguem-se os produtos de cortiça, que representam 16% dos bens florestais transformados, que trouxeram a Portugal mil milhões de euros (valor semelhante ao do ano anterior). No total, cerca 124,2 mil toneladas de produtos de cortiça seguiram para o estrangeiro.

Pasta de papel e mobiliário de madeira são os seguintes, representando cada um cerca de 12% do valor das exportações florestais de produtos transformados em 2012, num contributo de valor superior a 800 milhões de euros cada.

Nos materiais florestais é a cortiça natural que se tem destacado em termos de valor. Em 2022, representou 73% das matérias-primas florestais exportadas (mais dois pontos percentuais face a 2021), o equivalente a 114,7 milhões de euros. No total, 58 mil toneladas de cortiça foram vendidas ao exterior, quantidade que se aproxima da exportada em 2019 (59 mil toneladas), após dois anos de recuperação (42,7 mil e 49,6 mil toneladas, respetivamente, em 2020 e 2021).

As importações são também lideradas pela pasta e papel. Em 2022, totalizaram 42% do valor dos produtos industriais comprados ao exterior, o que equivaleu a uma despesa de 1,6 mil milhões de euros. No total, mais de 1,2 milhões de toneladas de papel e cartão foram comprados ao exterior.

Já nas matérias-primas florestais, é a madeira o material mais importado. Representou, em 2022, mais de metade do valor das importações de materiais florestais (55%), com mais de 327 milhões pagos ao exterior. Este montante permitiu trazer para o país mais de 2,9 milhões de toneladas de madeira, quantidade que tem vindo a aumentar continuamente nos últimos anos (rondava as 1,8 milhões de toneladas em 2018). Esta é uma realidade que reflete a falta de madeira que tem afetado o abastecimento matéria-prima florestal nos últimos anos.

Informação disponibilizada pela pela Florestas.pt.