Doutorado em Engenharia dos Biossistemas pelo Instituto Superior de Agronomia e licenciado em Engenharia do Ambiente, com a especialidade em Gestão de Águas e Melhoramentos Rurais, Gonçalo Caleia Rodrigues assumiu em fevereiro deste ano o cargo de Secretário de Estado da Agricultura.Nesta entrevista, o Secretário de Estado da Agricultura fala-nos dos constrangimentos e desafios do setor agrícola, bem como da prioridade em implementar as políticas públicas e encontrar as melhores, e mais abrangentes, soluções para mitigar os efeitos dos constrangimentos provocados pelas sucessivas crises que vão de uma inédita pandemia a uma escalada inflacionária de que já não havia memória, passando pelos inegáveis efeitos das alterações climáticas, visíveis, designadamente, numa seca com efeitos devastadores.

Tendo assumido este cargo numa fase particularmente crítica (várias manifestações do setor), com que sentimento assumiu estas funções?

Em primeiro lugar, permitam-me agradecer a entrevista e a oportunidade de, através da Voz do Campo, poder chegar a quem trabalha no setor agrícola e dar voz ao que são as medidas de política pública que queremos construir e fazer chegar aos territórios, às pessoas. Só com motivação e empenho é que aceito os desafios que me são propostos. Foi uma enorme honra receber o convite, da senhora Ministra Maria do Céu Antunes, para fazer parte desta equipa.

 

Quais foram os maiores constrangimentos e desafios com que se deparou?

Num país que atravessou, e atravessa, sucessivas crises, que vão de uma inédita pandemia a uma escalada inflacionária de que já não havia memória, passando pelos inegáveis efeitos das alterações climáticas, visíveis, designadamente, numa seca com efeitos devastadores, ainda que muito circunscrita no território…É difícil definir os maiores constrangimentos. Implementar as políticas públicas e encontrar as melhores, e mais abrangentes, soluções são peças que fazem parte da missão. Por isso, encaro-as com a motivação e empenho de que já vos falei.

Quais as prioridades neste novo desafio à frente da Secretaria de Estado da Agricultura? Que balanço faz até ao momento?

Como referi, implementar as políticas públicas que têm sido construídas com a maior participação possível e encontrar as melhores, e mais abrangentes, soluções para mitigar os efeitos dos constrangimentos provocados pelas sucessivas crises – estas têm de ser as prioridades, numa gestão permanente do equilíbrio entre medidas conjunturais e estruturais. E o balanço é francamente positivo, pois temos sido capazes de avançar na implementação das estratégias, bem como de concretizar as respostas excecionais.

 

Neste momento como vê o setor agrícola em Portugal?

Com uma enorme disponibilidade para atingir e superar o maior desafio com que somos confrontados: produzir com sustentabilidade, em todas as suas dimensões – ambiental, social e económica. Agricultura não rima com oportunidade, mas poderíamos dizer que encaixam na perfeição. Além de tudo o que representa, a Agricultura não tem perdido uma oportunidade de se desenvolver, seja modernizando procedimentos, com a incorporação de conhecimento e tecnologia, seja na transição energética e climática, em que temos conseguido evoluir, muito e procurando sempre a justiça e a inclusão. Claro que enfrentar desafios desta natureza, como o das alterações climáticas e o dos fenómenos extremos como intempéries, deixa sempre uma sensação de impotência e de receio quanto ao futuro. Mas, felizmente, aqui reside aquela que é uma das melhores características de quem trabalha neste setor: a resiliência.

→ Leia a entrevista completa e outros assuntos na edição de agosto/setembro 2023:

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