A nossa expectativa sobre a nova Agroglobal era elevada e consideramos que a nova localização é adequada e que a Direção da feira realizou um bom trabalho. Como em tudo, ambicionar a melhoria contínua é inevitável e, por essa razão, sugerimos um aperfeiçoamento da divulgação dos campos de demonstração no intuito de maximizar o número de visitantes aos mesmos na próxima edição da feira. Consideramos que ver ao vivo as culturas – variedades, resultados da fertilização, proteção fitossanitária – e assistir à sua colheita é uma grande mais-valia para visitantes e empresas que participam nos ensaios.

Foi nos campos demonstrativos de milho e de tomate para indústria que a Tecniferti aplicou as suas gamas de fertilizantes líquidos e demonstrou a inovação desenvolvida em Portugal, na nossa fábrica em Muge. Falamos da nossa mais recente gama Fulvicot, fertilizantes ricos em ácidos fulvicos, que melhoram a estrutura do solo e a absorção dos nutrientes pelas plantas, garantindo uma adubação mais eficiente com menos unidades de fertilizantes por hectare.

No campo de variedades de milho a primeira aplicação do nosso fertilizante foi realizada com uma máquina de discos, injetando-o na linha de sementeira. Trata-se de uma inovação que visa aplicar o adubo líquido junto à semente de uma forma precisa para que germine mais facilmente, o que veio a verificar-se.

No campo demonstrativo de variedades de tomate, numa área útil de 4,98 hectares, a fertilização da cultura foi realizada integral e exclusivamente com fertilizantes líquidos Tecniferti e os resultados do campo foram excelentes. Segundo informação que nos foi transmitida pela Torriba S.A., obteve os seguintes resultados: 765 toneladas de peso total de tomate colhido; 723 toneladas de peso pago pela fábrica de tomate transformado; 91,4% de tomate de Categoria A; 4,53 de brix médio dos frutos.

Numa parte do campo de tomate decorreu um ensaio para investigar os efeitos da aplicação de microrganismos promotores de crescimento nas plantas, trata-se de uma parceria entre a Tecniferti e o Rhizolab, Laboratório de Rizobactérias da Universidade de Aveiro. Os resultados obtidos indicam que é possível aumentar a produtividade desta cultura agrícola em até 41% e diminuir os efeitos do stress ambiental (ex: temperaturas elevadas) nas plantas com a aplicação de microrganismos benéficos.

Os investigadores da Universidade de Aveiro selecionaram, entre várias centenas de microrganismos recolhidos na natureza em Portugal e testados no laboratório do Rhizolab, consórcios que incluem fungos do género Trametes (degradadores de matéria orgânica), bactérias fixadoras de azoto em vida livre e bactérias solubilizadoras de fósforo. As plantas de tomate foram inoculadas com estes microrganismos, poucos dias após a plantação, no mês de maio, e foi-lhes aplicado um regime de fertilização com fertilizantes líquidos Tecniferti, nomeadamente da gama Fulvicot que é rica em ácidos fulvicos.

A metodologia do ensaio consistiu no estudo de seis condições de inoculação, mais o controlo (sem aplicação de microrganismos), com cinco réplicas.

Em geral, só uma parte da fertilização aplicada é absorvida pelas plantas e as alterações climáticas acentuam este problema, conduzindo à diminuição da produtividade das culturas agrícolas. Os microrganismos testados neste ensaio demonstraram promover o crescimento, o que estará ligado à maior capacidade de as plantas obterem nutrientes essenciais como o azoto e o fósforo, conduzindo ao aumento da produtividade com os mesmos níveis de fertilização.

“Analisámos parâmetros morfométricos e verificámos que a aplicação dos microrganismos aumentou não só o peso total da planta, entre 3% e 42%, como também a sua produtividade, ou seja, o peso dos frutos por planta, entre 6% e 41%. No que se refere aos parâmetros bioquímicos, ligados à performance das plantas, comprovámos aumentos no teor de clorofila e de prolina nas folhas, que protege a planta do stress. Alguns parâmetros bioquímicos analisados refletem alterações na composição nutricional dos frutos com maiores níveis de açúcares, amido e licopeno e diminuição de acidez”, explica Etelvina Figueira, investigadora da Universidade de Aveiro (UA), responsável pelo Laboratório de Rizobactérias, e a coordenadora científica do estudo.

O objetivo desta parceria entre a UA e a Tecniferti é desenvolver um produto inovador, bactérias em estado líquido para pronto uso, que aumente a capacidade dos nossos fertilizantes de potenciar o crescimento e o desenvolvimento das culturas agrícolas, reduzindo a pegada de carbono da fertilização.

Portugal produz por ano cerca de 1,2 milhões de toneladas de tomate para transformação, e exporta tomate transformado no valor de 330 milhões de euros/ano (dados relativos a 2022). Os resultados deste estudo abrem perspetivas para que estes valores possam ser aumentados de forma sustentável.

→ Saiba mais na Revista Voz do Campo, edição de outubro 2023.