A doença respiratória bovina (DRB) continua a ser um dos problemas com maior relevo na produção bovina, tanto a nível económico, decorrente das perdas provocadas pela baixa produtividade e pela mortalidade na recria e engordas, como do ponto de vista do bem-estar animal.

Autoria: Deolinda Silva (Diretora Serviços Técnicos Ruminantes – HIPRA Portugal). Adelaide Pereira (Médica Veterinária, Departamento Serviços Técnicos- SEGALAB, SA, Portugal).

A doença respiratória bovina tem uma origem multifatorial, sendo desencadeada por fatores de stress ambientais que enfraquecem os mecanismos de defesa do sistema respiratório em geral e dos pulmões em particular, resultando em infeções por vários microrganismos que incluem principalmente bactérias (Mannheimia haemolytica, Histophilus somni, Pasteurella multocida, Mycoplasma bovis e Trueperella pyogenes) e vírus (Vírus Sincicial Respiratório Bovino (BRSV), Vírus da Parainfluenza tipo 3 (PI-3), Herpesvírus Bovino tipo 1 (BoHV-1), Vírus da Diarreia Viral Bovina (BVDV) e Coronavírus Bovino (BCV).

Doenças associadas ao Complexo Histofilose (Fonte: HIPRA)

O papel desempenhado pelos vírus na DRB é claro: iniciam a doença na maioria dos casos e são responsáveis por surtos “explosivos”. No entanto, as bactérias podem atuar de forma primária ou secundária, e são em ambos os casos a principal causa de lesões pulmonares em animais que sofrem de DRB. As lesões pulmonares podem afetar tanto os animais com sintomas respiratórios, mesmo que tratados com antibióticos, como também uma elevada proporção de animais assintomáticos (doença subclínica). Além disso, as lesões pulmonares têm sido diretamente associadas a uma redução do desempenho a curto e longo prazo devido a uma diminuição do ganho médio diário, e consequentemente, são uma das principais causas da diminuição da rentabilidade nas explorações.

O controlo e prevenção da doença respiratória bovina (DRB) continua a ter uma grande importância para médicos veterinários e produtores. As atuais estratégias têm como objetivo prevenir e tratar os agentes etiológicos envolvidos neste processo. Apesar de, em muitos casos, estarem implicadas bactérias e vírus habituais, as novas técnicas de diagnóstico, com muito maior sensibilidade, permitiram identificar a presença de outras bactérias, já conhecidas até então, mas cujo papel como agentes causadores de doença, tinha sido sub-valorizado num grande número de situações como no caso da bactéria Histophilus somni.

A finalidade deste artigo é resumir o nosso conhecimento sobre a patogénese da Histofilose, para uma melhor compreensão de como a Histophilus somni consegue passar de bactéria comensal a fatal em bovinos.

Histophilus somni: a bactéria desconhecida e suas consequências

Histophilus somni é uma bactéria comensal do trato respiratório superior dos bovinos, ou seja, que vive nas fossas nasais. Durante muito tempo o seu envolvimento na doença respiratória, foi sub-avaliado, dado que o seu crescimento em culturas era habitualmente negativo. Com o uso de novas técnicas de diagnóstico como a PCR (Reação em Cadeia da Polimerase), a sua deteção é muito mais rigorosa e assim conseguiu-se perceber até que ponto está implicada na DRB entre outros síndromes (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo, edição de outubro 2023.

Dada à extensa bibliografia utilizada para a redação deste artigo, todas as referências utilizadas não foram incluídas no texto. Caso o leitor pretenda obter informação suplementar, pode realizar a sua consulta às autoras através dos seguintes endereços de email: adelaide.pereira@segalab.pt ou deolinda.silva@hipra.com