Autoria: Carlos Gaspar Reis1
1Instituto Politécnico de Castelo Branco, Escola Superior Agrária, 6001-909 Castelo Branco, Portugal – creis@ipb.pt

As alterações climáticas são um dos maiores desafios que a humanidade enfrenta. Modelos matemáticos projetam um cenário alarmante com impacto negativo na região mediterrânea. Neste contexto é importante dispor de culturas alternativas que se adaptem a condições adversas de menor disponibilidade de água, temperaturas elevadas e solos pobres. A figueira-da-índia (Opuntia ficus-indica, OFI) pertence à família das Cactáceas, tem origem no México e foi introduzida na Península Ibérica provavelmente no início do séc. XVI, local onde se encontra naturalizada. A OFI tem caraterísticas morfológicas, anatómicas e fisiológicas únicas que proporcionam resiliência a condições adversas. Os caules fotossintéticos são achatados (cladódios) e possuem uma cutícula espessa. As folhas são pequenas, caducas, com uma gema axilar (aréola). Na base das aréolas podem formar-se espinhos e gloquídios (espinhos curtos e finos). O fruto é uma pseudobaga com origem numa flor de ovário ínfero (Fig. 1).

A OFI tem metabolismo fotossintético do tipo CAM, apresenta os estomas fechados durante o dia e abertos durante a noite, período em que há fixação de carbono. Por este facto, a OFI apresenta uma elevada eficiência de uso da água. A OFI tolera temperaturas altas, contudo a faixa de temperatura ideal para fixação de CO2 é de 25/15 °C dia/noite. A OFI tem sensibilidade às baixas temperaturas e devem ser evitados locais onde a temperatura mínima é inferior a -5 °C.

Entre as múltiplas utilizações da OFI destacam-se o uso dos frutos e cladódios jovens (nopalitos) na alimentação humana e dos cladódios plenamente desenvolvidos, como forragem, na alimentação animal. Para além disso, existe um vasto potencial para utilizações não alimentares, explorando as suas propriedades medicinais, nutracêuticas e cosméticas (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo, edição de dezembro 2023.