Os temas das apresentações técnicas do Balanço da Campanha Prunóideas de 2023, que teve lugar no início de dezembro na Escola Profissional Agrícola da Quinta da Lageosa (Belmonte), foram dedicados à saúde do solo e à sua importância para a promoção de uma fertilização e prática fitossanitária sustentável.

Nestas apresentações, segundo Maria do Carmo Martins, do COTHN, foram abordados bioindicadores de saúde de solo e a importância do microbioma para a saúde das plantas e o contributo dos pomares de pessegueiros na região da Cova da Beira, para o aumento dos teores de matéria orgânica no solo.

Antes de debate do balanço da campanha, a professora Paula Simões, da Escola Superior Agrária de Castelo Branco, apresentou as atividades em desenvolvimento no projeto PRR P2-Resilis – Resiliência na Produção Integrada e Sustentável de Prunóideas, que se iniciou em 2023 e finalizará em setembro de 2025.

A encerrar o painel técnico, houve ainda uma apresentação relativa ao projeto RedFruit4Health, na qual foram apresentados os compostos bioativos da cereja do Fundão promotores da saúde.

No debate do balanço da campanha, propriamente dito, foram abordados os vários aspetos que determinaram a produção e a qualidade da cereja e do pêssego na campanha de 2023.

Cereja

Na campanha de 2023 registou-se uma quebra de 40 a 50% nas quantidades produzidas. Esta quebra deveu-se essencialmente a causas climáticas, nomeadamente o golpe de calor em abril e as chuvas de maio e junho.

Em termos de qualidade foram registados bons calibres e brix, no entanto há a destacar problemas ao nível da conservação, que se manifestaram num menor tempo de prateleira.

Tem-se continuado a assistir a novas plantações na região e algumas reconversões para variedades de polpa mais rija e de maior calibre.

Em termos fitossanitários, há a destacar ao nível das pragas, a drosphyla suzukii, devido às condições propícias da campanha. A captura em massa foi colocada logo a seguir à floração, mas mesmo assim, ainda não é uma técnica muito utilizada, uma vez que os seus benefícios se manifestam apenas em áreas de maior dimensão. A falta de substâncias ativas limita muito o seu controlo, pelo que a drosphyla se tem mantido como a praga chave nesta cultura.

Em termos de doenças destaca-se a monília em frutos, que foi muito potenciada pelas temperaturas elevadas associadas às chuvas no final da campanha.

O stress a que as plantas foram sujeitas em abril, poderão ter aumentado a vulnerabilidade ao cancro bacteriano, que este ano voltou a ter uma incidência significativa.

Pêssego

Em termos de pêssegos, a quebra de produção apenas se manifestou nas variedades temporãs (pêssegos amarelos). Esta quebra deveu-se essencialmente às temperaturas muito elevadas durante a floração.

Em termos de qualidade, esta foi afetada pelas chuvas de junho, que tiveram impacto também na conservação e na vida de prateleira.

Em termos de áreas, tem-se registado reconversões e arranques que não tem sido compensado com novas áreas. Esta situação tem como principal justificação problemas fitossanitários, essencialmente cancro bacteriano.

Em termos de pragas, destacam-se os afídeos, a Anarsia, a cigarrinha verde e a mosca.

A cigarrinha verde tem aumentado de forma significativa nas últimas campanhas, quer a sul, quer a norte da Gardunha e que justifica a realização de tratamentos.

Em termos de doenças destaca-se a monília e o cancro.

→ Este e outros artigos na Revista Voz do Campo: edição de janeiro 2024