Há 75 anos quando a Europa renascia das cinzas, resultantes da segunda Guerra Mundial, foi criada a Escola Profissional Agrícola Quinta da Lageosa (EPAQL) no concelho da Covilhã. Se naquela época a Escola já era importante, aos dias de hoje, mais ainda com os grandes desafios climáticos que ameaçam os territórios.

Quem o afirma é Agostinho Ferreira, diretor da EPAQL, no âmbito das comemorações dos 75 anos da Escola que decorreram no último mês, do passado ano.

Contando com mais de sete décadas de formação agrícola, a Escola é uma referência a nível regional e nacional e tem como guia o respeito e a dinâmica dos ecossistemas e acredita que só assim o desenvolvimento dos territórios se torna sustentável.

Inserida numa região intimamente rural, dispõe de 320 hectares e tem quatro cursos formativos em funcionamento, Técnico na Produção Agropecuária, Gestão de Equinos, Jardinagem e Espaços Verdes e Recursos Florestais e Ambientais.

À margem das comemorações dos 75 anos da Escola, o diretor da EPAQL, sublinha a importância do projeto de recuperação de alguns edifícios da Escola e que passa pela criação de sete salas de aula e de todo um conjunto de estruturas para ter uma “nova Lageosa no século XXI”.

“Situamo-nos numa zona essencialmente rural. Muitos dos nossos alunos formados, são os empresários e técnicos nestes territórios, e precisamos de mais alunos para ocupar ainda mais os territórios”, defende Agostinho Ferreira e o mesmo afirma, “se esta Escola foi importante no passado, é importante nos dias de hoje e será muito importante no futuro, sendo os nossos alunos peça fundamental para o desenvolvimento de toda a região”.

“A Escola é o garante do futuro da região”

As celebrações destes 75 anos decorreram em dois dias, com uma componente mais lúdica e que envolveu convidados externos, alunos, assistentes operacionais e assistentes técnicos, uma prova de equitação da responsabilidade dos professores Isabel Nogueira e Diogo Borges, e uma outra componente com a realização de uma conferência dedicada ao ambiente. A conferência contou com a comunicação de Maria de Lurdes Cravo, presidente da Assembleia geral da Associação Zero e de Gastão Antunes, professor da Escola Secundária de Pinhel.

“A Escola para além de preparar alunos/ técnicos para a sociedade, tem também de servir e ser voz relativamente aos grandes desafios que a sociedade tem e a questão ambiental é de uma importância de sobrevivência para todos. O principal objetivo destas comemorações é alertar, mais uma vez, as entidades públicas e privadas, para a necessidade de abordarmos este problema e tomarmos as medidas necessárias para a sua mitigação.  Os tempos que atravessamos são de enorme complexidade com as alterações climáticas a pôr em perigo toda a base da nossa existência”, adianta o diretor. Nesse sentido, a Escola está pronta para responder e dar o seu contributo estando aberta a novos alunos, porque para Agostinho Ferreira esta Escola é o garante do futuro da região.

“A Associação Zero teve a honra de ser convidada, no âmbito das comemorações dos 75 anos da Escola, para abordar o tema “Terra Mãe – Diálogos Verdes” e neste sentido optámos por abordar a questão dos solos, como suporte de vida mas, também como sustento naquilo que são as atividades nomeadamente ligadas ao setor agrícola na perspetiva alimentar.

Um outro aspeto que também gostaria de salientar, e que também foi aqui abordado, tem a ver com os comportamentos e as atitudes, ou seja, deixar a mensagem, que os nossos comportamentos e as atitudes determinam de certo modo não só a nossa qualidade de vida como também a qualidade de vida do planeta. Todos podemos deixar um pequeno contributo no nosso dia-a-dia, consumindo por exemplo produtos que se fabricam ou produzem mais próximos de nós, que não necessitam de distâncias longas para aqui chegar muitas vezes usando transporte rodoviário, que é ele próprio um grande fator de aumento do aquecimento global. E, também no nosso dia-a-dia podemos ter um conjunto de atitudes que nos permitam não só contribuir de forma generosa para com a natureza tentando que ela não sinta tanta agressão e possa regenerar com mais facilidade”.

Maria de Lurdes Cravo – Presidente da Assembleia Geral da Associação Zero


“Aceitei o desafio de vir falar sobre as alterações climáticas, tendo em conta as mudanças que estão a acontecer no nosso meio ambiente e com as implicações que podem ter na agricultura, uma vez que esta Escola forma pessoas que trabalham na área agrícola.

Tudo indica que o cenário que vamos ter, vai ser aquilo que os cientistas tinham projetado como o pior, se nada for feito urgentemente. As implicações na agricultura vão ser de diversa ordem, desde logo prendem-se com o conservação do solo. O solo é fundamental para a agricultura, é fundamental não só para as plantas mas também para os recursos hídricos. Uma má utilização do solo prejudica as plantas, prejudica os recursos hídricos e contribui para o efeito estufa.  Estando numa escola agrícola foi fundamental abordar estes aspetos para que os professores, os alunos, possam refletir sobre isso. É preciso mudar mentalidades para enfrentarmos os tempos que aí vêm”.

Gastão Antunes – Professor da Escola Secundária de Pinhel


Testemunhos dos professores:

“Desejo os meus parabéns à Escola Profissional da Quinta da Lageosa.  É uma escola que se encontra nomeadamente no meio da Beira Interior e que já conta com 75 anos. Este marco é de uma enorme dimensão e de enorme valor patrimonial, até pelas suas próprias instalações.  Deixo também o convite de visitarem as nossas instalações, os cursos e formações que temos para oferecer e virem participar nas nossas atividades”.

Isabel Nogueira – diretora do curso Técnico Gestão Equina


“Antes de mais, felicitar a Escola pelos seus 75 anos, a única escola profissional agrícola da região da Beira Baixa.  Também fazer um convite a futuros alunos que queiram ingressar nesta Escola porque têm uma oportunidade única de desenvolver e aprender vários cursos”.

Diogo Borgesprofessor de Equitação

Veja em vídeo a reportagem: