“O maior obstáculo para a digitalização do mundo rural é a falta de formação dos agricultores nesta área”

Em Espanha, a agricultura de precisão conta desde 2023 com uma associação nacional que nasceu com o objetivo de unir esforços para avançar na digitalização do setor primário, a ANAP- Associação Nacional de Agricultura de Precisão.

O investigador José María Terrón, presidente da recente associação, está ciente da importância da colaboração e do estabelecimento de sinergias entre todas as entidades relacionadas com a agricultura de precisão no país.

José María Terrón, presidente da ANAP- Associação Nacional de Agricultura de Precisão

Como nos define a ANAP?

A Associação Nacional de Agricultura de Precisão é uma organização sem fins lucrativos cujos membros são profissionais, empresas ou outras organizações dos vários setores relacionados com a Agricultura de Precisão.

Qual é a razão da criação da Associação?

Perante a falta de organização do setor agrícola espanhol nas questões relacionadas com a digitalização, mais concretamente, com a adoção das técnicas incluídas na Agricultura de Precisão. Os membros fundadores consideraram a necessidade de criar a ANAP com o objetivo de concentrar esforços e obter uma representação importante que permitisse promover a implementação destas tecnologias no setor.

Sendo uma nova Associação, que tipo de atividades pretendem desenvolver?

De acordo com os estatutos da Associação, as atividades a desenvolver são muito ambiciosas e incluem, entre outras, o ensino e a formação, a transferência de tecnologia e os domínios técnico-científicos.

Como têm aderido os agricultores espanhóis à agricultura de precisão?

Desde o início destas técnicas, nos anos 90, que existem equipas de investigação a trabalhar nesta área, prova disso é que em 2013 se realizou em Lleida a IX Conferência Europeia de Agricultura de Precisão e a próxima, a décima quinta edição deste congresso bianual, terá lugar em Barcelona em 2025.

Quais poderiam ser as principais soluções para avançar mais rapidamente na digitalização da agricultura no país?

Na minha humilde opinião, o maior obstáculo para a digitalização do mundo rural é a falta de formação dos agricultores nesta área, razão pela qual é de vital importância incorporar novos profissionais no setor. De facto, já estamos a notar que a procura de profissionais qualificados, tanto a nível universitário como de formação profissional em disciplinas agrícolas e pecuárias, é muito elevada e muitas empresas estão a ter dificuldade em encontrar os profissionais de que necessitam.

Um segundo aspeto crucial que impede o desenvolvimento digital é a fraca cobertura das redes de telemóveis na zona agrícola, o que dificulta muito o acesso à Internet em tempo real (…).

→ Leia a entrevista completa na Revista Voz do Campo: edição de janeiro 2024