Surgiu nos últimos anos um movimento de marketing, dando resposta à preocupação de consumidores em relação à segurança alimentar do que consomem, o qual, se traduziu no segmento de mercado respetivo, denominado “resíduo zero” para produtos agrícolas, sobretudo hortofrutícolas.

O “resíduo zero” é uma forma de produção sem regulamentação legal específica, por decisão voluntária do produtor e demais players da cadeia de comercialização, fica abaixo dos LMR (Limite Máximo de Resíduo) da UE (teores de resíduos definidos por lei que não põem em causa a saúde pública) estes valores inferiores são definidos de forma casuística, cadeia a cadeia de abastecimento alimentar, exigem-no dos seus fornecedores, sendo muitas vezes um fator diferenciador de acesso a determinado mercado ou cliente  (lembro que, “resíduo zero” não existe, o que há na realidade, é um teor de resíduo abaixo de determinado limiar, correntemente menor 0,01 ppm (uma centésima parte por milhão) o chamado “resíduo não detetável”).

Do ponto de vista histórico, além da exigência de países importadores com legislações muito rigorosas em relação aos resíduos mínimos permitidos, registo o forte contributo da oferta, múltipla e variada de produtos alternativos aos fitofarmacêuticos tradicionais, ao longo dos últimos anos, cujos efeitos têm resultados diretos e indiretos semelhantes aos obtidos pelas aplicação dos produtos químicos de síntese ou naturais, respetivamente, no não aparecimento por razões indiretas, pela planta estar mais equilibrada, mais forte, mais resistente ao ataque, ou aparecendo o ataque, ou o valor dos prejuízos abaixo do nível económico de ataque, ou controlo direto de pragas ou doenças, quer na  agricultura convencional, quer no modo de produção biológico.

A existência de estratégias de certificação do “resíduo zero” tem ajudado a credibilizar o sistema, levando cadeias de supermercados em Portugal a exigi-lo de forma paulatina, na linha do tempo, aos seus fornecedores.

Os desafios dos agricultores na produção em “resíduo zero”:

Terem necessidade de terem maiores competências no conhecimento sobre solos saudáveis, fitopatologias (doenças causadas por fungos, bactérias, vírus, danos causados por insetos, mamíferos, aves e quaisquer outros animais que se alimentam das plantas e, ainda podem ser incluídas as alterações fisiológicas com sintomatologia visual a olho nu ou por resultados de análises laboratoriais, tendo por causa, excesso, deficiência, desequilíbrio ou alterações face ao normal de fatores físicos e químicos como temperatura, precipitação, humidade, nutrientes e poluentes), produtos, fitofarmacêuticos ou não, tendo como objetivo usar aqueles que previnem, menos nocivos para os ecossistemas e para o ser humano, etc.;

Terem dificuldade de acesso a apoio técnico agronómico de campo especializado que os ajudem a implementar de forma eficiente e eficaz as práticas culturais e a aplicação dos produtos mais adequados que os levem a cumprir os requisitos para obterem produções “resíduo zero” assim como, as ajudarem nos registos e evidências para obterem de forma mais prática e com menores custos, as respetivas certificações;

Não terem a certeza que as alterações de custos, há mais incrementos que poupanças, geram valor acrescentado na comercialização das produções, daqui se concluir, não ser certo que a produção “resíduo zero” seja sinónimo de maior sustentabilidade económica para a atividade;

Obrigar os agricultores a ganharem escala de produção para ser mais realista enfrentar com sucesso os 3 desafios anteriores.

→ Para mais desenvolvimento, leia a reportagem completa sobre o Resíduo Zero na Revista Voz do Campo: edição de janeiro 2024