O milho é uma das principais culturas arvenses semeadas na Península Ibérica, ocupando uma área que ronda os 600 mil hectares.
Os inúmeros desafios que se colocam aos produtores ibéricos tornam prioritária a partilha de uma estratégia que valorize e promova a competitividade da agricultura dos dois países. Conhecedora desta realidade, a ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo de Portugal e a AGPME – Associação Geral dos Produtores de Milho de Espanha, vão organizar nos próximos dias 21 e 22 de fevereiro, em Lisboa, o 3.º Congresso Ibérico do Milho 2024, num claro sinal de unidade e concertação de posições entre Portugal e Espanha.
Jorge Neves, presidente da ANPROMIS, conta-nos que durante esta iniciativa, serão abordados, por reconhecidos especialistas, alguns dos principais temas que mais afetam a produção de milho na Península Ibérica.
Fale-nos um pouco sobre a necessidade de criação de um Congresso Ibérico?
O 3.º Congresso Ibérico do Milho, que decorre em Lisboa, nos dias 21 e 22 de fevereiro, surge num contexto em que o setor do milho vive diferentes desafios. Por um lado, um tema que é comum aos dois países, e transversal a todo o setor agrícola, que é a água. Esta é uma questão que une os produtores dos dois lados da fronteira, sobretudo neste cenário de alterações climáticas. Destaco assim a mesa-redonda sobre os recursos hídricos com a presença de eurodeputados portugueses e espanhóis dos vários quadrantes políticos. O Congresso decorre também num momento em que assistimos a uma mudança na gestão da propriedade agrícola. Atualmente, temos atores neste setor que entram na agricultura, vindos de outro mundo económico. Temos de pensar nos impactos que esta transferência de propriedade poderá ter a longo prazo na agricultura nacional e espanhola. Vamos debater este e outros temas e a forma como podem afetar aquela que é a maior cultura arvense semeada da Península Ibérica, ocupando uma área de cerca de 600 mil hectares.
Quais são as novidades e destaques que os participantes podem esperar do Congresso?
O Congresso do Milho, onde se esperam mais de 600 participantes, será um momento de discussão dos principais temas que afetam o setor, mas também uma oportunidade de networking e de partilha de conhecimento. Iremos também abordar a evolução tecnológica e novas técnicas culturais, bem como os mercados agrícolas. Sempre com convidados dos dois lados da fronteira, dando uma maior perspetiva do atual cenário e sobretudo aquilo que poderá ser o futuro.
Do ponto de vista das atividades da ANPRIMIS e AGPME, para além da organização do Congresso, têm outro tipo de sinergias?
As duas entidades mantêm conversações recorrentes ao longo do ano porque os interesses de defesa do setor são comuns. O tema da água, dos acordos com o Mercosur, o alargamento da União Europeia são assuntos que debatemos recorrentemente ao nível da CEPM que é a Confederação Europeia dos Produtores de Milho, de qual ambas Organizações fazem parte (…).