Unir para prosperarNa década de 1980, os agricultores do Norte do Vale do Tejo perceberam que o mundo iria mudar e só unidos conseguiriam vingar. O projeto Agrotejo cresceu e foi desenvolvendo várias áreas, como a constituição da Agromais. Criou-se na região um universo que continua a trabalhar em prol da prosperidade da agricultura.

A agricultura é a arte de produzir alimentos sempre perante enormes desafios sejam ambientais ou económicos. Ao longo de décadas, o agricultor sempre encontrou estratégias empreendedoras para ultrapassar as dificuldades e conseguir continuar a dar resposta às exigências do mercado, mantendo-se competitivo num mercado cada vez mais global. É assim atualmente e assim era em 1986 quando Portugal aderiu à Comunidade Económica Europeia, agora União Europeia.

A Europa unia-se e uma grande mudança se antevia em vários quadrantes sociais. A agricultura iria beneficiar desta união, mas também requeria uma maior estrutura associativa dentro de fronteiras. Conscientes destes desafios, cerca de 600 agricultores da região do Norte do Vale do Tejo, maioritariamente produtores de milho, formaram a Agrotejo – União Agrícola do Norte do Vale do Tejo. Nascia assim uma associação que tem permitido fazer da região uma das mais impactantes no setor agrícola nacional.

Mostrando mais uma vez a sua capacidade empreendedora e um espírito vanguardista, os agricultores iniciaram na Agrotejo um trabalho amplo com várias frentes de atuação, sempre com um firme propósito: manter a atividade atrativa e resiliente num mercado único europeu, que se foi tornando cada vez mais global.

Dotados de um corpo técnico proativo e em constante formação, a Agrotejo presta um apoio próximo aos agricultores desde licenciamentos, candidaturas a fundos comunitários, formação profissional e elaboração e acompanhamento de projetos.

Um ano depois da fundação da Agrotejo, nascia a Agromais, uma organização de produtores com forte pendor comercial. Agregar a produção para ter volume e peso no mercado. É este o mote para a criação da Agromais que ainda hoje continua a ser válido. As duas entidades foram crescendo, sempre a trabalhar em proximidade na defesa dos interesses dos agricultores.

Ao milho, a força motriz do desenvolvimento da região, juntaram-se outras culturas como tomate para indústria, batata, brócolos, cebola e outros. A diversificação é uma das chaves do sucesso deste movimento associativo.

O projeto deu ainda lugar à Agrotejo Plus, uma empresa que coloca ao dispor dos agricultores os fatores de produção que necessitam para as suas culturas.

O trabalho iniciado pelos 600 agricultores que na década de 1980 se uniram foi crescendo e ganhou continuidade numa equipa técnica que trabalha em estreita proximidade com os empresários agrícolas da região por forma a que obtenham das suas culturas os melhores rendimentos possíveis.

Mário Antunes, diretor-geral da Agrotejo e diretor da Agromais, destaca a “interligação das três organizações” que trabalham em complementaridade. “O agricultor fica com todas as necessidades colmatadas. Por um lado, na Agrotejo encontra todo o apoio técnico-burocrático no que respeita as candidaturas a fundos comunitários, aos projetos, aos licenciamentos e também formação profissional uma vez que esta é uma das grandes áreas da Agrotejo e uma ferramenta importantíssima. Por outro lado, na Agromais encontram a concentração e comercialização dos produtos que os agricultores produzem nas suas explorações agrícolas, acompanhados de um apoio técnico específico. Por fim, com Agromais Plus, o agricultor fica com todas as necessidades colmatadas. Esta é a entidade que vende fatores de produção e com essa venda tenta arranjar soluções económicas e sustentáveis para que os agricultores tenham as culturas bem acompanhadas”.

Ao longo das últimas décadas, muitos têm sido os desafios ultrapassados pelos agricultores da região, sempre imbuídos de um espírito associativo e conscientes de que só assim será possível continuar a crescer. Luís Mesquita Dias, presidente da Agrotejo, reforça essa mensagem: “É nos tempos difíceis que o associativismo mais revela os seus méritos. Seja na Pandemia de Covid-19, quando nada parecia poder fazer-se, mas nada podia parar, seja num processo atribulado de (des)conhecimento das novas regras do PEPAC, nunca os associados da Agrotejo se sentiram órfãos de apoio!”.

Os empresários agrícolas têm podido concentrar-se na sua produção, enquanto este universo Agrotejo/Agromais se centra numa busca incessante pelas melhores soluções para o negócio.

Jorge Neves, diretor-geral da Agromais, comenta que “ao longo das últimas décadas, a Agrotejo e a Agromais têm defendido os interesses dos agricultores a diferentes níveis: institucional, tudo o que tem a ver com apoios comunitários, regulamentação dos diferentes setores de atividade, questões ambientais – que hoje em dia são fundamentais – e evidentemente alguma orientação comercial na produção para que encontremos novas soluções de produção agrícola de diversificação da produção para não termos um foco demasiadamente grande na produção de milho.

Havia a perspetiva de que o mercado do milho iria mudar e isso concretizou-se. Assistimos ao desmantelamento dos apoios aos preços da cultura por um lado e depois à exploração em si mesma. A Agromais tem sido um ator importante nesta procura de novas soluções agrícolas, e também tecnológicas, para que os agricultores possam prosseguir na sua atividade evidentemente de forma rentável que é aquilo que pretendemos”.

João Coimbra é agricultor e diretor da Agromais. Com esta dupla componente, sublinha que “na Agromais, temos tentado oferecer serviços aos agricultores especialmente na área comercial. Queremos que o agricultor tenha o seu tempo para a produção e que na área da comercialização e concentração da oferta, tenha um parceiro de confiança que irá escoar a bom preço e de forma segura os seus produtos”. O mesmo responsável o trabalho de assessoria da Agromais que “ajuda os agricultores a escolher culturas para as suas explorações e integra isso com vários agricultores tornando possível dar resposta a pedidos de clientes que exigem lotes maiores”. João Coimbra conclui que “Agrotejo e Agromais são um modelo de sinergia e de conhecimento que completam todo o leque de necessidades que ao agricultor tem atualmente.

Todo o trabalho é desenvolvido pelas duas entidades graças a um corpo técnico que diariamente está ao lado do agricultor para o orientar nas diversas obrigações desta área profissional (…).

→ Leia a reportagem completa na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024