Os anos secos são cada vez mais frequentes, o que torna fundamental encontrar alternativas na forma como produzimos culturas com elevadas necessidades hídricas, como é o caso do arroz, que utiliza cerca de 10.000 m3 a 15.000 m3 de água/hectare/ ano. Sob pena de, num futuro próximo, ocorrer a diminuição da área cultivada e/ou um elevado custo da cultura, como já acontece em algumas zonas do país.

Com o sistema gota-a-gota utilizámos 9 409 m3 água/ha e obtivemos uma produção de 5 723Kg/ha no ensaio da Agroglobal

Uma vez que a cultura do arroz é realizada em regime de monocultura, o controlo das infestantes é cada vez mais difícil, devido à redução do número de substâncias ativas herbicidas autorizadas e à perda de eficácia das que ficam. Assim, é necessário encontrar soluções passivas que permitam uma melhor gestão das infestantes e dos recursos hídricos. A Magos IS, apostada no contributo para uma agricultura de regadio mais sustentável, realiza há dois anos ensaios de rega gota-a-gota na cultura do arroz.

No primeiro ano, em 2022, no ensaio em canteiros convencionais, o nosso principal objetivo foi demonstrar que é possível produzir arroz com um sistema de rega gota-a-gota e obtivemos resultados muito promissores, uma poupança de água de 47% face ao sistema de rega convencional por alagamento.

No segundo ano, em 2023, no ensaio realizado nos campos experimentais da Agroglobal, com a variedade PVL136IT, com tecnologia Provisia® da BASF, elevámos a fasquia e demonstrámos que é possível produzir arroz com rega gota-a-gota em terrenos não convencionais e até mesmo com algum desnível (em algumas zonas o desnível era de 8%). O sistema gota-a-gota mantém o perfil do solo com humidade suficiente para que as plantas não estejam em stress hídrico, nem sofram com as variações de temperatura.

Temos percebido que nesta cultura a água tem um papel fundamental de regulação térmica e que, ao mantermos um alto teor de humidade no solo, com rega gota-a-gota, conseguimos garantir produções elevadas e poupamos muita água.

Com uma utilização de 9 409 m3 água/ha obtivemos uma produção de 5 723Kg/ha e um controlo eficaz das infestantes.

Este tipo de sistema também permite maior eficácia e precisão na fertilização, uma vez que não ocorrem perdas por drenagem e podem ser feitas várias adubações ao longo do ciclo cultural via rega.

A rega gota-a-gota permite-nos ter um sistema produtivo mais versátil, com elevada poupança de água e cultivar arroz em terrenos não convencionais, em rotação com outras culturas para uma maior rentabilidade e sustentabilidade do solo.

A inovação requer mais investimento na experimentação, não só por parte das empresas do consórcio deste ensaio, mas de todo o setor agrícola. Como se costuma dizer “Se o campo não planta, a cidade não janta”.

Por: João Paulino, Gabinete de Projetos Magos IS

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