MAIS QUE PRODUZIR ALIMENTOS É PRECISO MOSTRÁ-LOS

Não haja dúvida que cada vez mais o marketing desempenha um papel indispensável na promoção e venda de qualquer produto. Na agricultura como em qualquer outro setor, não basta produzir, mesmo que seja com diferenciação e qualidade. Cultivar alimentos de alta qualidade é hoje muito importante, mas é imperativo mostrar e comunicar o seu valor aos consumidores de maneira eficaz. O marketing não apenas facilita a comercialização dos produtos agrícolas, mas também educa e informa os consumidores sobre as práticas sustentáveis, a origem dos alimentos e os benefícios nutricionais.

Existem hoje ferramentas que capacitam os agricultores a alcançarem novos públicos e a estabelecerem relações diretas com os consumidores. Num mundo cada vez mais conectado e em alerta, as estratégias de marketing são essenciais para diferenciar os produtos agrícolas em mercados saturados, típicos da era moderna. Comunicar, divulgar, publicitar, participar em feiras e outros eventos, enfim, são alguns exemplos que os empresários agrícolas não podem descurar.

É fundamental no entanto reconhecer os desafios enfrentados pelos agricultores no cenário do marketing agrícola. Dada a concorrência e as flutuações sazonais na oferta, a agricultura é e será sempre com certeza, uma atividade a precisar de apoio para desenvolver estratégias de marketing eficazes e adaptáveis.

Fala-se muito hoje sobre sustentabilidade e segurança alimentar e estou convicto que ainda mais se falará no futuro, as preocupações serão cada vez mais prementes, pelo que é fundamental investir no poder transformador do marketing agrícola. Somente através de um compromisso conjunto com a inovação, educação e informação, não apenas podemos garantir a sustentabilidade do setor agrícola, mas mais do que isso, permitir que os alimentos possam continuar a fluir em qualidade e em quantidade, dos campos para as mesas, independentemente da distância e localização dos consumidores

Nesta edição de março da Revista Voz do Campo, trazemos nas páginas centrais, um trabalho dedicado à vitivinicultura em Portugal, no qual sem querermos ser exaustivos mostramos aos nossos leitores, o que se tem feito neste setor em Portugal e a importância que lhe é dada.

O vinho no nosso país, como produto final da vitivinicultura, constitui um exemplo a seguir pela sua organização em geral e pelo marketing em particular, permitindo uma impressionante imagem não apenas entre portas, mas em todo o mundo onde se bebe, saboreia e aprecia este precioso “néctar” da videira.

A indústria vinícola portuguesa, conhecida mundialmente por seus vinhos distintos e saborosos, tem-se destacado não apenas pela produção de alta qualidade, mas também pela forma como comercializa e promove os seus produtos. A organização no marketing desempenha um papel fundamental nesse sucesso, impulsionando a visibilidade global dos vinhos portugueses e atraindo consumidores de todos os cantos do mundo.

Apesar das recomendações de se “beber com moderação” para que os excessos não desequilibrem as mentes, a verdade é que as campanhas publicitárias inovadoras, o uso inteligente do online e a participação em eventos internacionais têm consolidado a posição dos vinhos portugueses nos mercados globais, proporcionando uma vantagem competitiva duradoura. Por estas e outras razões, atrevo-me a dizer que o setor do vinho está bem e recomenda-se, pelo que constitui sem dúvida um bom exemplo a seguir.