É imprescindível reforçar a capacidade de investigação e de inovação na área agrícola, renovando infraestruturas, tecnologias e recursos humanos, de forma a reposicionar a investigação na liderança das diversas fileiras que compõem o tecido produtivo.

Miguel Leão – Investigador Auxiliar INIAV, IP – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

No âmbito do evento promovido pela DXAS Portugal, Miguel Leão, Investigador do INIAV, IP na área da tecnologia de produção em pomóideas, apontou a investigação como prioritária para o reforço da competitividade do setor agrícola nacional. Após décadas de desinvestimento, o setor privado foi forçado a importar conhecimento, muitas vezes desajustado da realidade nacional, a reinventar-se e a assumir os riscos das transformações necessárias, muitas vezes com cofinanciamento público, que resultaram em alterações importantes, mas insuficientes. É necessária mais inovação, mais apoio na definição de modelos de produção mais competitivos, mais resilientes, mais preparados para os desafios das alterações climáticas, mais focados na criação de valor, onde a tecnologia e a transição digital terão um papel determinante.

Modernização de algumas estações experimentais

Com base nesse reconhecimento, está em curso a modernização de algumas estações experimentais do INIAV e de outras infraestruturas de apoio, determinantes para apoiar essa transformação. Pretende-se, por um lado, demonstrar à produção e aos agentes que entram nas fileiras, os modelos de produção atuais mais competitivos à luz do que melhor se sabe e está validado, de forma a garantir maior probabilidade de sucesso nas reestruturações em curso.
Por outro, compete a estas estruturas diferenciadas, de investigação aplicada e de proximidade, antecipar as transformações necessárias à década seguinte, antevendo problemas, necessidades e soluções, para que quando for necessário efetuar a transição, o setor esteja preparado para a realizar de forma estruturada, em escala, com menos custos e maior celeridade.

Saibamos aprender com o que não fizemos ou fizemos mal

Esta transformação terá de ser acompanhada por políticas que suportem e catalisem a inovação e a transferência tecnológica aos utilizadores finais e, ainda, pelo reforço e rejuvenescimento dos quadros, pois a inovação e a investigação não podem ser travadas pelo conservadorismo de visões antiquadas, distantes do mercado, da criação de valor, de novas abordagens holísticas aos conceitos de sustentabilidade e ecologia, num setor onde são muitos os desafios, mas também as oportunidades. Saibamos aprender com o que não fizemos ou fizemos mal, e implementar modelos de investigação e extensão rural de sucesso em outras origens, para de forma decisiva apoiarmos e projetarmos a produção nacional. Saibamos estar unidos e empenhados nessa transformação!

→ Leia o artigo de opinião na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024

 

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