A doença vírica IBR tem sido estudada em inúmeras ocasiões, portanto, a sua causa, sintomas e vias de contágio são bem conhecidas dos produtores e técnicos de bovinos. O objetivo deste artigo é rever o impacto negativo de uma infecção pelo virus IBR em explorações com animais positivos a IBR e analisar os prós e contras de implementar um plano de vacinação eficaz contra esta doença.

A doença IBR é principalmente conhecida pelos sintomas respiratórios em animais jovens e adultos. Portanto, explorações onde não se observa sintomatologia clínica respiratória, tendem a considerar que a doença está a ser adequadamente controlada. No entanto, esta afirmação não é totalmente correta, porque o impacto negativo do vírus IBR é muito variável. A manifestação da doença pode variar desde clínica e muito severa até à manifestação mais comum, a subclínica e pouco percetível (sem sintomas visíveis a ‘olho nu’), dependendo da patogenicidade do vírus e do estado imunitário dos animais.

Existem numerosas publicações que alertam sobre o risco que têm as explorações não vacinadas para a entrada do vírus através de um novo animal infectado. As perdas económicas são muito grandes no caso do aparecimento de um surto da doença. Estão descritas em explorações leiteiras quebras na produção leiteira de pelo menos 9,5 litros/ dia durante a fase de infeção ativa do virus (Hages et al., 1997), abortos ou reabsorção embrionária e diminuição da fertilidade (Graham, 2013). O impacto também é importante em engordas, manifestando-se principalmente sob a forma respiratória, podendo espalhar-se rapidamente pelo lote, afetando até 80% dos animais e com uma taxa de mortalidade de 20%. Sem dúvida que o setor da pecuária em Portugal está bastante consciente do impacto clínico que poderia ocorrer ao não termos os animais vacinados, mas a questão é saber se está ciente das perdas económicas derivadas de uma vacinação menos eficiente, situação em que pode ocorrer circulação do vírus na exploração, infectando novos animais.

Recentemente, muitos estudos com testemunhos de explorações comerciais estão a ser publicados, destacando o impacto da IBR em explorações leiteiras com animais infetados por IBR sem manifestação da clínica da doença.

Redução de até 2,6 litros/ leite/ dia em animais positivos a IBR quando comparados com animais negativos a IBR da mesma exploração (Stalham, 2015), menor qualidade do leite (Armengol, 2017) e falhas reprodutivas (Graham, 2013), são alguns exemplos dos impactos negativos de ter animais positivos na exploração. Às vezes é difícil apresentar um valor monetário do impacto negativo causado por esta doença, no entanto, um estudo irlandês estabelece que o custo do IBR numa exploração leiteira com 100 vacas leiteiras é superior a 6000€ por ano (Sayers, 2016).

Portanto, quando questionamos se conhecemos o impacto negativo de um protocolo de vacinação ineficiente, devemos refletir sobre se o nosso plano vacinal efetivamente bloqueia a circulação do vírus IBR nas explorações, além de termos que verificar se outros fatores de risco para a circulação viral, como o maneio animal e da exploração, nutrição, quebra de biossegurança, etc, estão envolvidos. Em relação à vacinação em concreto, planos eficazes são aqueles que não apenas reduzem a sintomatologia clínica, mas também impedem a propagação do vírus pelo efetivo derivada de animais portadores latentes. Quanto menos animais positivos a IBR tivermos na exploração, menor será a probabilidade de ocorrência de doença, e desta forma, atingiremos maior rendimento produtivo por animal (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024

Autoria: Deolinda do Carmo Fernandes da Silva, Diretora Técnica e Marketing HIPRA PORTUGAL

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