Sob o tema “Comunicar a Agricultura a uma só voz: Desafios e Soluções”, a CONSULAI promoveu um encontro para debater a importância de informar e esclarecer a opinião pública sobre a realidade da atividade agrícola e florestal em Portugal. Enquadrado na iniciativa B-RURAL: “A AGRICULTURA EVOLUIU, SÓ VOCÊ É QUE NÃO VIU.”, este encontro reuniu vários agentes do setor agrícola e especialistas na área da comunicação.

A CONSULAI promoveu um encontro dedicado à reflexão do tema “Comunicar a Agricultura a uma só voz: Desafios e Soluções“. No âmbito da iniciativa B-RURAL, um painel de convidados especialistas em disciplinas diversas da área da comunicação refletiu e debateu a importância de informar e esclarecer a opinião pública sobre a realidade efetiva da atividade agrícola e florestal – atividades de importância singular, dado o seu papel na coesão territorial, e no fornecimento de alimentos e matérias-primas.

Ao longo dos últimos anos houve um fluxo migratório de zonas rurais para zonas urbanas. Este fenómeno não afeta apenas o desenvolvimento, sócio económico do país, mas também a sua agenda política e mediática. Atualmente, quase 90% da população portuguesa habita em zonas urbanas. A falta de expressão das zonas rurais na agenda, resulta numa escassez de informação.

É rara a presença das zonas rurais no discurso público ou jornalístico e, quando acontece, este surge de forma reativa e descontextualizada, gerando desconhecimento e perceções erradas.

O B-RURAL, iniciativa cofinanciada pela Comissão Europeia e promovida pela CONSULAI, visa fortalecer a presença das zonas rurais na agenda pública, tornando-a contextualizada e proativa, e corrigindo perceções erradas.

No encontro dedicado aos desafios e soluções de comunicar a agricultura, Luís Mira da Silva, sócio da CONSULAI, moderou uma mesa-redonda, que contou com a intervenção de Joana Petiz, diretora do Jornal Novo, Manuel Soares de Oliveira, diretor da Mosca Publicidade, e Daniela Santiago, editora da RTP.

A evolução do setor foi um dos temas com maior destaque. O setor agrícola e florestal é muito mais do que um setor conservador e tradicional. É novo, dinâmico e virado para a tecnologia. O debate arrancou com a questão de Luís Mira da Silva: “Não queremos comunicar de forma reativa o setor agrícola. Queremos comunicar de forma proativa. Como?

Joana Petiz destacou a dificuldade de comunicar agricultura: “A maioria das pessoas vive em ambiente de cidade e, portanto, completamente afastada do interior e do sítio onde se produzem os alimentos. No fundo, as pessoas não têm noção de tudo o que envolve a agricultura. Muitos continuam a achar que os alimentos vêm do supermercado”. Para a jornalista é preciso tornar a comunicação da agricultura apelativa para a opinião púbica, mostrando que a realidade mudou, evoluiu.

Daniela Santiago considera que a agricultura e, principalmente, o ambiente e as alterações climáticas, estão cada vez mais presentes na consciência da opinião pública, mas que há ainda um grande caminho a fazer no sentido de esclarecer, de forma apelativa, tudo o que tem evoluído nos últimos anos, nesta atividade. “O campo, a agricultura, a floresta…é muito mais do que aquilo que nos vai para o prato, mas aquilo que nos vem para o prato também está altamente condicionado por modas alimentares. Mesmo assim, acho que se pode comunicar muito bem aquilo que acontece.”.

O criativo Manuel Soares de Oliveira considera que a agricultura é um setor que precisa renascer para a comunicação. Força de circunstâncias várias, a agricultura tem assumido, ao longo da história, uma comunicação reativa, centrada na apresentação dos desafios enfrentados pela atividade e na defesa e reivindicações dos produtores. Ao mesmo tempo, a comunicação da agricultura não tem promovido a visibilidade da atividade em si, com canais, formatos e mensagens que aproximem a opinião pública da nova e atual real atualidade da agricultura. “Têm que haver ações que coloquem a população do lado dos agricultores. Essa é a forma de exercer mais pressão na mudança de políticas relacionadas com a área. Temos de comunicar para tornar a agricultura mais atrativa.”, defendeu.

Luís Mira da Silva encerrou o encontro com uma mensagem importante: “Não temos que ser radicais para comunicar a agricultura, mas esta é uma causa que acreditamos que devemos defender e, para isso, temos que criar uma mensagem comum que chegue a todos. É este o principal objetivo do B-RURAL, iniciativa que gostaríamos muito que tivesse continuidade no tempo, para que possa ser consequente nas suas mensagens e ações. Há um longo e interessante caminho a fazer e estamos comprometidos em fazê-lo.

A sessão contou ainda com as intervenções de Catarina Pinto Correia e Assunção Cristas, da Sociedade de Advogados Vieira de Almeida, e de Rui Almeida, da CONSULAI, assim como com uma apresentação da iniciativa B-RURAL e das várias ações que a compõem.

Lançado em setembro de 2023, o B-RURAL – uma iniciativa que visa sensibilizar, informar e esclarecer a opinião pública, incluindo agentes do setor agrícola e florestal, jornalistas e líderes de opinião, academia e decisores – propõe-se a mostrar a nova realidade da agricultura e da floresta em Portugal, evidenciando a transformação do setor e o investimento que tem vindo a ser realizado em processos, técnicas e sistemas de produção cada vez mais sustentáveis e resilientes.

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