Uma videira na sua vida adulta é podada para ter uma dada volumetria que, estabilizado o vigor, é igual de ano para ano, e à qual corresponde uma área foliar mais ou menos constante (Figura 1). Uma macieira em plena produção é podada para manter a volumetria, a que corresponde uma área foliar mais ou menos constante de ano para ano (Figura 2). Uma volumetria ou área foliar constante garante o mesmo potencial de produção todos os anos. Desta forma, a variação anual na produtividade, que por vezes ocorre, não se deverá à poda, mas sim a outras variáveis agroambientais.

Por que será que a poda da oliveira não é feita da mesma maneira? Isto é, por que não se faz a poda para que todos os anos a árvore tenha a mesma volumetria ou área foliar e possa manter um potencial de produção constante? Por que será que um olival pode apresentar todos os aspetos mostrados nas figuras 3, 4 e 5, não se procedendo para que todos os anos tenha a mesma quantidade de rama?

Na oliveira, para manter a volumetria ou área foliar, e sendo uma árvore de folha persistente, ao contrário da videira e da macieira, a poda deveria consistir em remover uma quantidade de rama equivalente à que se forma num ciclo anual de crescimento. Investigação consolidada sobre esta matéria indica que a quantidade de rama que deve ser removida anualmente na poda deverá ser de 10 a 20 %, um valor mais baixo em sequeiro e um valor mais elevado em regadio. Assim, as oliveiras devem ser podadas anualmente removendo 10 a 20% de rama.

Durante décadas, o meio académico tentou divulgar uma estratégia de poda ligeira como forma de manter a produtividade da oliveira

Contudo, o conceito nunca foi entendido pelos produtores, uma vez que todos os que praticam poda a consideram ligeira, na medida em que é um conceito com conotação positiva enquanto poda severa é um conceito com carga pejorativa que ninguém assume praticar. Desta forma, a poda é sempre ligeira, no entender de quem a pratica, quer se remova 10% ou 90% da rama (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de março 2024

Autoria: Manuel Ângelo Rodrigues

Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Laboratório para a Sustentabilidade e Tecnologia em Regiões de Montanha (SusTEC), Instituto Politécnico de Bragança