A ligação da vitivinicultura no Alentejo com a Universidade de Évora tem já uma longa história, mas hoje os desafios são diferentes.
Sendo uma Universidade, a formação de estudantes é um pilar importante e a Universidade de Évora oferece uma licenciatura em Enologia, um mestrado em Viticultura e Enologia e ainda programas doutorais em Ciência dos Alimentos, em associação com a Universidade Nova de Lisboa, e em Ciências Agrárias e Ambientais, em associação com a Universidade do Algarve, onde muitos dos trabalhos de investigação efetuados pelos doutorandos estão relacionados com a vitivinicultura.
A investigação nesta área deve apresentar um carácter holístico, abrangendo diferentes temáticas, que no seu conjunto irão contribuir para a qualidade do produto final, sem esquecer as questões relacionadas com a sustentabilidade. E quando falamos em qualidade e em sustentabilidade devemos pensar em todas as suas dimensões. A sustentabilidade da vitivinicultura é uma preocupação da investigação que produzimos, tendo sempre o foco em como melhorar a saúde dos solos e das plantas e contribuir para um uso racional da água, tendo como intuito final a qualidade das uvas que se produzem e do vinho a que as mesmas dão origem. A investigação em enologia visa, através do estudo das características fenólicas e voláteis de uvas e vinhos, contribuir para preservar as castas tradicionais, melhor adaptadas aos desafios climáticos que hoje enfrentamos, e contribuir para perceber o impacto de novas tecnologias e/ou práticas enológicas nas características dos vinhos.
No MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, centro de investigação sediado na Universidade de Évora, existe uma linha temática de Viticultura e Enologia onde são exploradas várias vertentes da vitivinicultura.
No âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), financiado pelas “Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial”, está atualmente a decorrer um projeto denominado Vine&Wine – Driving Sustainable Growth Through Smart Innovation, no qual a Universidade de Évora é parceira e onde investigadores do MED participam em quatro subprojectos, nomeadamente:
“Biogrape Sustain – Use of grapevine and microbiome diversity for sustainable production”, onde a equipa do MED participa contribuindo para uma melhor compreensão do efeito da diversidade de ariedades e clones na composição química das uvas, nomeadamente pela determinação do seu perfil volátil varietal.
“MikS4Vine – Kaolin and silicon particle film mixture: a new formulation for Vitis vinifera under severe water stress”, com o objetivo de estudar misturas de caulino e silício para aplicação em videiras com o intuito de melhorar a eficiência do uso da água, preservando e/ou melhorando a qualidade e tipicidade do vinho.
“PPP4Vine – New designed molecules to control critical pests and diseases and biocontrol of vineyard pests”, o qual tem como objetivo desenvolver quatro novos produtos com formulações inovadoras (dois fungicidas, um herbicida e um inseticida) a fim de reduzir o uso de produtos fitofarmacêuticos na vinha, tendo já sido avaliado o impacto da utilização do herbicida no microbioma do solo e na comunidade de macroinvertebrados.
“SOLVIT – Solutions to restore degraded soils in mediterranean vineyards via organic mulch and biochar derived from viticulture industry waste” que tem como foco a questão cada vez mais central e importante da saúde dos solos, pretendendo conceber novas soluções baseadas em coberturas para reverter a degradação do solo em vinhas de baixa fertilidade altamente vulneráveis à erosão do solo (…).
→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de março 2024
Autoria: Maria do Rosário Félix, Mariana Cardoso Patanita, Tomás Monteiro, Maria João Cabrita
MED – Mediterranean Institute for Agriculture, Environment and Development & CHANGE – Global Change and Sustainability Institute Universidade de Évora | Pólo da Mitra, Apartado 94, 7006-554 Évora, Portugal