O Instituto do Vinho, do Bordado e do Artesanato da Madeira (IVBAM, IP – RAM), é o Organismo responsável pela legislação e fiscalização das atividades vitivinícolas regionais e pela certificação, através do controle rigoroso e minucioso de qualidade dos Vinhos da Madeira, bem como pela promoção institucional dos mesmos.

Este Instituto tem vindo a dar apoio constante aos viticultores, no sentido de melhores práticas culturais relativas ao plantio das uvas para obtenção da melhor matéria-prima possível para a produção do Vinho da Madeira. Em entrevista à nossa reportagem, Tiago Ferreira de Freitas, presidente do IVBAM,IP-RAM, diz que o Instituto também tem como missão a defesa no plano internacional da denominação de origem Madeira ou Vinho da Madeira, uma das mais antigas denominações de origem de Portugal, a fim de prevenir quaisquer confusões junto dos consumidores e de evitar aproveitamentos indevidos do valor acrescentado do Vinho da Madeira, “é também uma importante tarefa que continuará a estar sempre presente na primeira linha das preocupações dos que têm responsabilidades na condução dos destinos do Vinho da Madeira”.

Em termos de promoção, através de uma eficiente concertação de meios e ações do setor público com os principais agentes económicos do Vinho da Madeira que operam nos mercados internacionais, o IVBAM tem vindo a realizar um conjunto de iniciativas de promoção e divulgação, como, entre outras, a presença nas principais feiras mundiais do setor dos vinhos, convite endereçado a jornalistas e outros especialistas de referência no mundo dos vinhos para visitarem a Região Demarcada da Madeira, a realização de provas de Vinhos da Madeira em diversos mercados-alvo, organização de eventos a nível regional, para promover o produto e preparação de sessões de food-matching, etc.

A área de vinha na RAM, de acordo com o último Potencial Vitícola é de 674 hectares, dos quais 403 hectares são elegíveis para a produção de vinhos com Denominação de Origem ou Indicação Geográfica.

Nos últimos anos tem-se verificado uma ligeira tendência para diminuição da área de vinha. “No entanto, ao abrigo das Novas Autorizações de Plantação, têm sido atribuídos Novos Direitos, cujas áreas ainda não se refletem totalmente nas áreas plantadas, mas que têm de alguma forma colmatado o desaparecimento de vinhas mais antigas. A título de exemplo, e relativamente às áreas para DO e IG, da campanha de 2020/2021 para 2021/2022, houve uma diminuição da área plantada de cerca de 5 hectares, mas nos anos de 2021 a 2023, foram atribuídos cerca de 13,8 hectares de Novas Autorizações”, avança o presidente do Instituto.

No que respeita ao encepamento regional, a casta mais plantada é a Tinta Negra, com 52% da área para DO e IG, seguida da casta Verdelho que representa cerca de 13% dessa área. Nos dois últimos anos tem-se verificado um aumento do interesse das castas tradicionalmente plantadas no Porto Santo, nomeadamente a casta Caracol, com atribuição também de Novas Autorizações de Plantação, mas que também ainda não houve tempo de se traduzir em área de vinha instalada e em produção.

Considera Tiago Ferreira de Freitas e segundo dados estatísticos, “podemos considerar a evolução da comercialização do Vinho Madeira, em termos globais, muito positiva, sobretudo em termos de valor, sendo que desde 2009, e num cenário de crise mundial, o volume de vendas veio sempre a aumentar anualmente e, em 2023, atingiu o valor recorde de 21 201 534,80 euros”. Em 2023, a comercialização de Vinho da Madeira foi de, aproximadamente, 29.809 hectolitros, representando os países da União Europeia, com uma quota de mercado de 70,6 %, o principal destino deste vinho, com especial destaque para a França (27,9 %), Portugal (20,6 %), Alemanha (9,6%), e Bélgica (4,5 %). O mercado nacional, com uma quota de 20,6 %, assume uma importância considerável, destacando-se aqui, com 16%, o Vinho da Madeira que é comercializado na própria Região. Em termos de valor, os países da união Europeia, geraram no seu conjunto um volume de receitas na ordem dos 12,5 milhões de euros, o que significa cerca de 59% do valor global anual gerado pela comercialização de Vinho da Madeira, incluindo o território nacional (…).

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