O objetivo principal do Laboratório Interprofissional (ALIP) é realizar as análises de classificação de leite ao produtor e contraste leiteiro numa única unidade laboratorial, de forma muito mais eficiente, do ponto de vista técnico e económico. Esta estrutura permite que todo o leite produzido, recolhido no continente e entregue nas indústrias lácteas, seja sujeito a procedimentos similares em matéria de avaliação das suas características, à semelhança da maioria de outros países ao nível europeu, nomeadamente a vizinha Espanha. Abaixo indicámos a distribuição dos vários pontos no mapa, onde a ALIP recolhe as amostras de leite.

A valorização da qualidade do leite constitui um fator de extrema importância no preço final pago ao produtor e tem como objetivo favorecer o desenvolvimento de programas de melhoria de eficiência nas explorações, aumentar os rendimentos no processo de transformação e garantir ao consumidor final a ausência de riscos sanitários.

Por sua vez o contraste leiteiro, consiste na avaliação da quantidade e qualidade do leite produzido por cada uma das fêmeas de uma exploração, no decurso das sucessivas lactações. Um dos alicerces da melhoria da produção leiteira baseia-se no melhoramento genético, destacando-se a mensuração de parâmetros de qualidade do leite produzido refletida no conteúdo em gordura, proteína, contagem de células somáticas e a ureia (azoto não proteico). As metodologias de análise das características do leite para avaliar a sua qualidade têm sofrido uma grande evolução para responder rapidamente, com rigor e fiabilidade aos desafios da competitividade.

O Laboratório Interprofissional está dotado de equipamentos de elevada precisão tecnológica, para as análises inerentes à classificação do leite e contraste leiteiro, não descurando os meios informáticos e automáticos indispensáveis para que todo o processo funcione eficazmente. Assim como para a análise nutricional de alimentos animais, como silagens de milho e erva, unifeeds, rações, palhas, etc., tão importante no papel da melhoria da qualidade do leite produzido.

O laboratório analisa cerca de 5.000 amostras diárias de leite cru, em que 3.000 a 3.500 são amostras de contraste leiteiro e 1.000 a 1.500 são amostras de classificação. Estes valores diários, representam mais de 1 milhão de amostras de leite cru analisadas no final do ano.

Um facto importante é que, diariamente são utilizados milhares de frascos para a colheita das amostras. Estes frascos são reutilizáveis, fornecidos pelo laboratório da ALIP, em que são lavados, desinfetados e colocado conservante adequado para a preservação das amostras. Contêm também um código de barras que permite a identificação da amostra, mas que nunca sai. A informação de que aquele código pertence a uma determinada amostra vem sempre num ficheiro informático enviado pela própria empresa. Neste aspeto estamos bastante à frente de Espanha por exemplo, que utiliza frascos descartáveis e que a sua rejeição provoca grande impacto ambiental.

ALGUMAS METODOLOGIAS DE ANÁLISE DE LEITE CRU

Pesquisa de Inibidores

O método oficial de referência baseia-se num teste microbiológico em que existe inibição ou crescimento na presença ou não de um inibidor, respetivamente. Entende-se por inibidor a substância presente no leite – antibiótico, sulfamida ou outro – que inibe o crescimento de uma bactéria particular, Bacillus stearothermophilus. Existem muitos testes com este princípio, no entanto, o usado no laboratório da ALIP, é o Delvotest T. São necessárias cerca de 3h de incubação e apresenta um amplo espectro permitindo verificar a presença de um grande número de diferentes substâncias antibacterianas no leite. Estas são detetadas quando presentes em níveis iguais ou próximos do Limite Máximo de Resíduo (LMR). O LMR é a máxima concentração de resíduos no leite considerado pelas autoridades sem causar qualquer prejuízo para a saúde do consumidor e nos processos de fabrico.

Contagem de microrganismos

A contagem de microrganismos em leite cru pode ser efetuada por dois métodos distintos:

a) Contagem em placa a 30º C de acordo com a norma ISO 4833. O resultado da análise é expresso em UFC/ml.

b) Através de um equipamento automático. A ALIP dispõe do Bactoscan FC. A tecnologia aplicada é a citometria de fluxo e tem capacidade para 150 amostras /hora. O Bactoscan FC faz a contagem bactéria a bactéria e exprime o resultado em impulsos (IBC). Através de uma relação de conversão (y=ax+b) os impulsos IBC são convertidos em colónias UFC.

De acordo com o Reg. (CE) nº 1664, a relação de conversão entre o método automático alternativo (Bactoscan) e o método de referência (Contagem em placa) é estabelecida em conformidade com a norma ISO 21187 (FIL 196) (…).

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