A Biodiversidade é uma componente de estabilidade dos ecossistemas, sobretudo do ecossistema agrícola, onde as operações culturais representam fatores de desequilíbrio importantes. Assim, de forma a promover um ecossistema mais resiliente e estável é importante preservar a Biodiversidade, de forma a mitigar os impactos negativos e potenciar os Serviços de Ecossistema, que permitem a gestão das nossas culturas de forma mais sustentável.

Um dos Serviços do Ecossistema que promove o controlo natural das pragas é precisamente a Biodiversidade Funcional, que consiste na ação da Fauna Auxiliar no controlo de população das pragas.

Mas para que a Fauna Auxiliar se estabeleça nas explorações é fundamental não só a sua identificação, mas também proporcionar condições essenciais para o seu desenvolvimento. Para tal é fundamental a presença de infraestruturas ecológicas (IEE’s) e áreas de compensação ecológicas que serviram de reservatórios de biodiversidade, permitindo a recolonização das parcelas de olival sempre que exista uma descida da população da Fauna Auxiliar.

Na nossa opinião, uma das IEE’s mais importantes e de base para o estabelecimento da Fauna Auxiliar são os cobertos vegetais. Pela sua disposição na cultura e pela área que ocupam, representam cerca de 80 % da biodiversidade da exploração.

Por serem faixas lineares de vegetação que permitem fazer a ligação entre outras estruturas ecológicas, nomeadamente as Áreas de Compensação Ecológicas, e por permitirem a movimentação da Fauna Auxiliar, podem ser classificados como Corredores Ecológicos.

Para que este serviço de ecossistema seja eficiente, é necessário selecionar devidamente os locais onde serão colocadas as IEE’s, considerando para tal, a capacidade de dispersão da Fauna Auxiliar, e a compatibilidade entre as espécies florísticas selecionadas e as características morfológicas dos auxiliares, nomeadamente as características associadas à forma dos seus aparelhos bucais, permitindo assim que o inseto se alimente de açucares.

Do nosso ponto de vista, para a constituição das IEE’s é também importante estratificar a sua estrutura, selecionando espécies pertencentes a vários grupos vegetais: arbóreas, arbustivas e herbáceas, garantindo assim a movimentação da Fauna Auxiliar dentro das IEE’s. Contudo o número de espécies florísticas deve ser ponderado; do ponto de vista da Biodiversidade Funcional a existência de 10 a 20 espécies vegetais de famílias diferentes será o ideal, pois acima deste valor corre-se o risco de aumentar também a presença de insetos fitófagos que podem causar estragos importantes à cultura.

A Biodiversidade Funcional não são só insetos, espécies de aves, morcegos, répteis, etc., são também comunidades que podem e devem ser enriquecidas pelas IEE’s e que têm comportamentos predatórios para algumas pragas importantes das culturas, nomeadamente Lepidópteros, Dípteros e Coleópteros.

Na nossa opinião, todo o tema vai culminar num novo conceito, o conceito da Proteção Biológica da Conservação, que não é mais do que a manipulação das IEE’s de acordo com as características da Fauna Auxiliar, conferindo-lhes um valor ecológico muito importante para o controlo de pragas das culturas, atribuindo à exploração agrícola, um alto valor de Biodiversidade e Ecossistemas mais Saudáveis.

→ Leia este e outros artigos completos na Revista Voz do Campo: edição de maio 2024

Autoria: Filipa TeresoAgrosustentável