“Em outras regiões do país (e até do mundo) já se fizeram tentativas de produzir Pera Rocha, no entanto, o fruto que daí resulta não tem as mesmas características que a Pera Rocha produzida no Oeste”.

As condições edafoclimáticas da Região do Oeste são de tal forma determinantes nas características da Pera Rocha, que fizeram com que a Pera Rocha se tornasse uma Denominação de Origem Protegida: Pera Rocha do Oeste.

Apesar de todo o trabalho que a Associação Nacional de Pera Rocha (ANP) e os seus produtores têm desenvolvido nestes 30 anos há ainda um mundo de possibilidades por explorar. Quem o afirma, é o presidente da direção, Filipe Ribeiro, em vésperas da realização do Congresso Internacional da Pera (Interpera) que decorre de 26 e 27 de junho, em Óbidos.

Como é que a Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha se caracteriza nos dias de hoje passados 30 anos da sua constituição?

Criada em 1993, a Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha (ANP) representa cerca de 90% dos produtores e da produção de Pera Rocha em Portugal. Tem como objetivos genéricos coordenar e incentivar uma política de qualidade para este fruto único e é a entidade gestora da Denominação de Origem Protegida (DOP) “Pera Rocha do Oeste”. Além de promover a Pera Rocha no mercado nacional, a ANP tem ainda como missão a promoção externa desta variedade nacional e o objetivo de incentivar o consumo diário de fruta, promovendo bons hábitos alimentares e a adoção de uma dieta saudável. Apesar da promoção da Pera Rocha estar na génese da sua criação, os desafios da produção tem constituído uma preocupação adicional nos últimos tempos.

Focada nestes objetivos, a ANP orgulha-se de estar há mais de 30 anos ao lado de todas estas entidades enfrentando os desafios do setor e promovendo um futuro promissor, inovador e sustentável para todos os envolvidos.

Hoje, o sentimento é de responsabilidade para com o passado, mas acima de tudo para com o futuro deste produto tão português. É com orgulho que vemos que a Pera Rocha, percursora das exportações de produtos hortofrutícolas portugueses, continua na linha da frente enquanto campeã da fruta portuguesa no que toca às exportações com cerca de 60% da sua produção a seguir para mais duas dezena de mercados estrangeiros.

→ 33 ASSOCIADOS, LOCALIZADOS NA ZONA DO OESTE, ENTRE MAFRA E PORTO DE MÓS.

ENTRE TODOS OS ASSOCIADOS REÚNE-SE SENSIVELMENTE 90% DA PRODUÇÃO DE PERA EM PORTUGAL.

EM TERMOS DE EXPORTAÇÕES A MÉDIA DOS ÚLTIMOS 5 ANOS RONDA OS 85 MILHÕES DE EUROS, DE ACORDO COM DADOS DO GPP.

Quem são os seus associados e o que representam no universo frutícola em Portugal?

A ANP conta com 33 Associados, localizados na zona do Oeste, entre Mafra e Porto de Mós, dos quais 32 são Centrais Fruteiras e 1 é uma ACE constituída por 2 Centrais Fruteiras e das quais18 são Organizações de Produtores. Entre todos os Associados reúne-se sensivelmente 90% da produção de Pera em Portugal.

Qual é o volume de negócios anual estimado desses associados?

Em termos de exportações a média dos últimos 5 anos ronda os 85 milhões de euros, de acordo com dados do GPP. Sobre o mercado nacional não temos dados.

Que percentagem desse valor se destina à exportação? E quais os principais mercados?

Portugal é um dos principais países produtores de pera da Europa, com um potencial produtivo que ronda as 200 mil toneladas por ano, das quais cerca de 60% se destina à exportação. A exportação de Pera Rocha tem vindo a crescer. Nos últimos dois anos, as exportações ultrapassaram já 60% da produção e para este ano prevê-se que ultrapassem estes valores (dados que só podemos apurar após o término da campanha).

Em 2022/2023 a Pera Rocha foi exportada para 20 países com três destinos a assumirem uma posição de destaque (90%) no ranking: 50% Europa; 20% Marrocos; 20% Brasil.

Que condições reúne o Oeste que tornam a região tão apta à produção de Pera Rocha?

Esta região tem condições ímpares para esta cultura, não só em termos edáficos, mas também em termos climáticos, uma vez que a proximidade do mar e a presença das Serras de Monte-junto e de Aire e Candeeiros têm um papel preponderante na amplitude térmica, na baixa ocorrência de geadas tardias e na humidade atmosférica.

As condições edafoclimáticas da Região do Oeste são de tal forma determinantes nas características da Pera Rocha, que fizeram com que a Pera Rocha se tornasse uma Denominação de Origem Protegida: Pera Rocha do Oeste.

Em outras regiões do país (e até do mundo) já se fizeram tentativas de produzir Pera Rocha, no entanto, o fruto que daí resulta não tem as mesmas características que a Pera Rocha produzida no Oeste, facto que levou inclusivamente essa prática a ser abandonada.

A Denominação de Origem Protegida ‘Pera Rocha do Oeste’ tem sido uma mais-valia para produtores e operadores?

Sem dúvida. Os clientes reconhecem na DOP uma garantida de qualidade e a ANP e os seus produtores têm feito um esforço colaborativo no sentido de valorizar a Pera Rocha DOP junto do consumidor. No seguimento de experiências anteriores, em 2021 foi formalmente constituída a Imagem Coletiva Rocha do Oeste, com um regulamento e caderno de especificações próprio, que reforça a qualidade da DOP.

Hoje o consumidor encontra no supermercado um produto com uma imagem homogénea, independentemente do embalador e produtor. Além da imagem, trata-se de um produto sujeito a rastreabilidade e controlo independente por parte de uma entidade certificadora.

É indiscutivelmente um selo de qualidade ímpar, que é cada vez mais valorizado por todos (…).

→ Leia a entrevista completa na Revista Voz do Campo: edição de junho 2024

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