As algas podem ser divididas, de acordo com as suas dimensões, em dois subgrupos: microalgas – com dimensões microscópicas – e macroalgas – visíveis a olho nu. As macroalgas encontram-se em ambientes diversos, desde a zona costeira até mais de 30 m de profundidade. A maioria vive imersa e fixa a um substrato, enquanto outras flutuam livremente.
As macroalgas são uma das principais fontes de matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos e são também essenciais no ciclo de carbono, uma vez que fixam o carbono através da fotossíntese. Com base na pigmentação e características químicas, as macroalgas dividem-se em três Filos: algas verdes (Filo Chlorophyta), algas vermelhas (Filo Rhodophyta) e algas castanhas (Filo Heterokontophyta ou Ochrophyta). Ao longo dos tempos, as algas têm sido usadas na alimentação, na agricultura e até mesmo na medicina.
A tradição do uso de algas na agricultura em Portugal
Em Portugal, já no século XIV se utilizavam macroalgas como fertilizante na agricultura, principalmente em campos agrícolas perto do mar. Em 1309, o rei D. Dinis regulamentou a sua colheita comercial pela primeira vez.
Tradicionalmente, utilizavam-se duas misturas de algas, o “moliço”, na região da Ria de Aveiro, e o “sargaço”, no litoral Norte, entre Viana do Castelo, Póvoa do Varzim e Vila do Conde.
O moliço, também conhecido como o “estrume da Ria de Aveiro”, é formado pela vegetação submersa da Ria, sendo uma mistura de algas e plantas. Como é rica em matéria orgânica e nutrientes, esta mistura ajudava os agricultores a transformar areais estéreis em terrenos férteis, nas zonas perto da Ria. De acordo com os registos da Capitania do Porto de Aveiro, em 1889 estavam registados 1749 moliceiros, as embarcações que carregavam o moliço por toda a Ria, e em 1975 já só eram 30. A procura pelo moliço foi decaindo devido à diminuição da sua área de distribuição e ao uso dos fertilizantes sintéticos. Atualmente, já não há extração do moliço e os moliceiros percorrem a Ria a transportar visitantes e turistas.
O sargaço é constituído por uma mistura de diferentes algas marinhas, que abundam na nossa plataforma continental. Como é uma mistura orgânica muito rica, ajudou também a transformar os terrenos de areia áridos, perto de dunas, em terrenos férteis. Os sargaceiros apanhavam estas algas, à beira-mar, esticavam-nas ao sol para secar e depois armazenavam-nas nos palheiros. A prática da apanha do sargaço foi entrando em declínio com o uso dos fertilizantes químicos e também devido à emigração da população rural costeira. Existem apenas algumas famílias que ainda mantêm a tradição do uso do sargaço na agricultura.
Tornar a agricultura mais sustentável no presente
A utilização das macroalgas como fertilizante diminuiu em todo o mundo com o aparecimento dos fertilizantes químicos, como já foi referido. Atualmente, surgiu um novo interesse pelo uso de macroalgas, associado à agricultura biológica e à procura por uma agricultura com menores impactos ambientais e com menor uso de produtos químicos (…).
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Autoria: Patrícia Esteves, autora do UniPlanet e doutoranda na Universidade de Coimbra