Opinião de Gaspar Alapont, Vice-Presidente da SAB-ALMENDRAVE

A previsão do comportamento dos mercados dos frutos de casca rija, nomeadamente o da amêndoa, é complicada devido à sua grande volatilidade e aos numerosos fatores externos que os condicionam. Esta volatilidade pode ser influenciada por variações climáticas imprevisíveis, flutuações da procura mundial, alterações das políticas comerciais, instabilidade económica mundial etc. Por estas razões, quaisquer projeções devem ser tomadas com cautela e considerar uma vasta gama de cenários possíveis.

A verdade é que a área dedicada à cultura da amendoeira não tem parado de crescer nos últimos anos na Península Ibérica, atingindo 765.000 hectares em Espanha e 46.000 hectares em Portugal. No caso de Espanha, 77% do total de explorações continua a ser de sequeiro, embora o verdadeiro impulso venha das explorações de regadio. É também de salientar que 32% da superfície de amêndoa em Espanha é dedicada à cultura biológica: 245.000 hectares dedicados a uma produção com uma qualidade diferenciada e com um nicho de consumidores em ascensão a nível mundial.

Tudo isto significa, por sua vez, que se pode vislumbrar no horizonte um aumento da produção. Depois de vários anos em que diferentes fatores climáticos reduziram a produção, tanto na Península Ibérica quanto na Califórnia, tudo parece indicar que em 2024 a colheita atingirá (e provavelmente ultrapassará) as 130.000 toneladas de amêndoas em grão em Espanha.

Do outro lado do Atlântico, o Almond Board of California (ABC) estima que a colheita nos Estados Unidos atingirá a importante quantidade de 1.339.300 toneladas de amêndoas em miolo, recuperando assim da redução da colheita provocada pela grave seca registada na Califórnia no ano passado, que fez baixar esse valor para 1.121.380 toneladas. É de destacar o aumento previsível da produção de amêndoa biológica que, em Espanha, situou-se em 16.000 toneladas no ano passado, 2023, e que se prevê que atinja as 20.000 toneladas em 2024, com um aumento presumível que alcançará as 27.000 toneladas em 2027, tendo em conta a superfície atual e a entrada em produção de novas explorações.

Em vésperas deste aumento no horizonte de produção, há que prestar atenção à procura dos consumidores.

Até 2020, o consumo de amêndoa estava a aumentar globalmente: a publicação de estudos como o Predimed, que exalta as qualidades nutricionais do consumo de amêndoa, as próprias campanhas promocionais da ABC, a proliferação do uso de amêndoas em produtos cosméticos … fizeram com que globalmente o consumo atingisse o valor de 1.379.000 toneladas em 2019, quando em 2015 era de 1.075.000 toneladas, de acordo com dados do INC. Após a pandemia, estima-se que este consumo tenha diminuído entre 4 e 7%, o que nos convida a realizar ações para tentar aumentar este consumo (…).

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