Nos dias 4 e 5 de julho, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro acolheu o seminário internacional “Sustentabilidade Ambiental em Vinhas e na Vinificação – Ciclo de Vida e Pegada de Carbono”, que contou com a participação de 50 investigadores e profissionais do setor de Portugal e Espanha. Este evento destacou a importância da sustentabilidade para o setor e abordou os desafios da certificação de sustentabilidade e do cálculo da pegada de carbono através da análise do ciclo de vida (ACV).

O tema focal foi a necessidade de descarbonizar o setor e implementar práticas sustentáveis não apenas para reduzir os impactes ambientais, mas também para incrementar a competitividade e garantir a internacionalização dos vinhos. O mercado global está cada vez mais focado em produtos sustentáveis, e a adoção destas práticas pode contribuir para a criação de valor e diferenciar os vinhos. Todavia, a certificação da sustentabilidade da produção e o cálculo da pegada de carbono são desafios complexos que exigem a análise detalhada das emissões em todas as etapas da produção, desde a vinha até ao processamento das uvas e posterior distribuição dos vinhos.

O sentido das intervenções dos participantes permite destacar alguns dos desafios que o setor enfrenta, com exemplos concretos e considerações específicas para a realidade dos dois países.

A saber, a certificação e o cálculo da pegada de carbono são desafios complexos que exigem a análise detalhada das emissões em todas as etapas da produção, a integração das dimensões económicas e sociais no cálculo da sustentabilidade e ainda o reconhecimento da certificação enquanto aspeto de diferenciação e posicionamento de mercado.

1. Descarbonização: Um Imperativo Ambiental e Competitivo

A descarbonização da produção é crucial para reduzir o impacte ambiental do setor e atender às exigências cada vez mais rigorosas dos mercados internacionais. No entanto, este processo apresenta desafios complexos e multifacetados.

Dependência de combustíveis fósseis: A substituição por fontes renováveis de energia exige investimentos e mudanças significativas nos processos produtivos.

Externalização das cadeias logísticas: A otimização da logística de transporte e distribuição dos vinhos é fundamental para reduzir as emissões de CO2eq. Isso implica a adoção de cadeias logísticas mais curtas e eficientes.

Embalagens ecológicas: A substituição de embalagens tradicionais por alternativas mais ecológicas ou reutilizáveis.

2. Sustentabilidade: Dimensões Ambientais, Económicas e Sociais

A sustentabilidade na viticultura tem de ir além da proteção ambiental e deve englobar aspetos económicos e sociais. Economia, pessoas e liderança são os aspetos chave.

Viabilidade económica: As práticas sustentáveis devem ser economicamente viáveis para assegurar a competitividade em mercados exigentes.

Bem-estar social: A sustentabilidade deve promover o bem-estar das comunidades locais e a criação de oportunidades de trabalho decentes.

Governança e transparência: A implementação de práticas sustentáveis deve ser acompanhada por governança e transparência (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024

Autoria: Carlos Afonso Teixeira, Diretor do Departamento de Biologia e Ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro