Combater pragas e doenças da vinha, recorrendo a um protótipo com radiação UV-C acoplado a equipamentos agrícolas, é o principal objetivo do “UVineSafe”, o mais recente projeto do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB).

“Queremos estimular as defesas naturais das videiras e, para isso, vamos selecionar a melhor combinação ‘dose/frequência’ de radiação UV-C, sem provocar efeitos secundários, ao mesmo tempo que asseguramos a qualidade da uva”, esclarece Lia-Tânia Dinis, coordenadora do projeto.

No terreno, a equipa do CITAB vai contar com a ajuda de um protótipo que fará viagens entre os valados. Este aparelho, ainda em fase de otimização e desenvolvimento, terá um formato tubular e será revestido com lâmpadas UV-C. “Comparativamente com a radiação UV-B, as lâmpadas de UV-C apresentam um comprimento de onda mais curto, sendo necessário um menor tempo de aplicação para alcançar o mesmo efeito. No caso da vinha, estamos a falar de apenas uns segundos de exposição”, detalha.

A radiação UV-C será aplicada ao final do dia e, numa fase inicial, os testes serão feitos na casta Sauvignon, por ser uma casta muito comercial e suscetível a doenças.  Nos últimos anos e por causa dos efeitos das alterações climáticas, aumentou a incidência de pragas e doenças na vinha. Também a intensificação do cultivo da vinha e a globalização, que facilita a entrada de novas pragas vindas de outras regiões, contribuem para essa tendência.

A praga sobre a qual vamos incidir este estudo é a traça-da-uva, uma das mais preocupantes para os viticultores. No entanto, existem outras pragas que também afetam as vinhas, como o ácaro-da-vinha, a cigarrinha-verde, a filoxera e a cochonilha.

Cada uma dessas pragas pode causar danos significativos à produção, comprometendo a qualidade e a quantidade das uvas”, alerta a investigadora do CITAB.

Com arranque previsto para o início do próximo ano, o projeto vai desenvolver um sistema de apoio à decisão. A recolha contínua de dados climáticos e da previsão das condições ideais para o desenvolvimento de pragas e doenças vão permitir a aplicação de radiação UV-C em momentos-chave, que maximizem a sua eficácia.

Financiado em 250 mil euros pelo BPI-Fundação “La Caixa”, o projeto “UVineSafe” vai decorrer até 2028 e junta o CITAB, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), as empresas Castros e Matglow e, ainda, a Fundação Casa de Mateus.