Para instalação de qualquer cultura permanente, é necessário um estudo prévio do terreno, que esta vai ocupar, nomeadamente para aferir se reúne as condições edafoclimáticas para suportar a cultura em questão.

O solo, suporte principal na instalação de uma cultura, reveste-se de uma importância crucial.

Os seguintes parâmetros devem ser observados e estudados:

Características físico-químicas;
Orografia.

Igualmente deve-se efetuar um estudo climático e verificar:

Precipitação média anual;
Temperatura média anual;
Amplitudes térmicas ao longo dos anos;
Incidência de geadas.

Inicia-se o processo de estudo, com o mapeamento da CeA (Condutividade elétrica aparente), com leituras até um metro de profundidade. Assim obtém-se um mapa com estrutura do subsolo, verificando a presença de zonas com salinidade, zonas de potencial encharcamento e textura.

Tendo como base este mapa, serão abertos perfis de solo, de forma a interpretar alguns dos valores extremos obtidos na análise do mapa de CeA.

Nestes perfis, após a análise dos diversos horizontes, recolhem-se amostras de solo, e procede-se á análise completa do mesmo, aferindo então se os valores de CeA, refletem a presença de salinidade e/ou humidade. Analisa-se ainda a fertilidade do solo.

Procede-se então ao Levantamento Topográfico da parcela, analisando pendentes mínimas e máximas, drenagens naturais, altimetrias e obstáculos físicos dentro da área a plantar, nomeadamente, árvores, edificações, afloramentos rochosos, etc.

Em paralelo e com vista a escolher a ”cultivar” a plantar, as necessidades de irrigação e prevenir fatores de “stress” abióticos, elabora-se o estudo climático da zona. Este estudo deve ter no mínimo a análise dos últimos 20 anos, uma vez que estamos a tratar de culturas permanentes.

Tendo como base os dados obtidos nestes estudos preliminares, estamos então em condições de elaborar o projeto agronómico e projeto de rega.

No projeto agronómico de implantação determinamos o seguinte:

Escolha da Cultivar – A escolha da cultivar é efetuada, observando a fertilidade do solo, a suscetibilidade a pragas e doenças, tendo em conta o estudo climático e ainda a suscetibilidade aos potenciais “stresses” abióticos da zona.

– Orientação da Plantação – Agronomicamente falando, a orientação privilegiada, é a, Orientação Norte/Sul. Com esta orientação conseguimos uma exposição solar igual em todos os quadrantes da planta e prevenimos a queda ou deslocação da verticalidade da planta devido aos ventos, tendo em conta que em Portugal o vento predomina de Norte. No entanto, essa orientação nem sempre é possível, seja devido à inclinação da parcela, seja para um melhor aproveitamento da parcela no sentido de obter uma maior área útil de plantação. Nessa situação, prevenimos as circunstâncias adversas, no caso da predominância do vento, instalando uma aramação de sustentação da sebe, contrariando a tendência normal de perca de verticalidade das plantas, por força dos ventos adversos e no caso da exposição solar, tentamos depois ao longo da vida do pomar, manter a mesma exposição solar em todos os quadrantes da planta, com podas muito assertivas (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024

Autoria: Mário A F Mendes, Agrónomo; Diretor Técnico Agroassertiva, Lda.; Consultor em culturas permanentes