João Pedro Luz, Professor Coordenador no Instituto Politécnico de Castelo Branco – Escola Superior Agrária durante a sua intervenção na Jornada Técnica do Olival ao Azeite.

Os principais aspetos a ter em conta para decidir o sistema de manutenção da superfície do solo são:

Sequeiro ou regadio;
Modo de produção;
Estrutura superficial do terreno;
Probabilidade de incêndios;
Aspetos paisagísticos ou turísticos;
Aspetos legais.

Os cinco sistemas principais de manutenção da superfície do solo são:

Mobilização tradicional (charrua, grade ou escarificador);
Semimobilização (herbicida e mobilização);
Não-mobilização (herbicida);
Enrelvamento temporário (durante o Outono e Inverno);
Enrelvamento permanente (corte/pastoreio da flora espontânea ou semeada).

As principais razões apresentadas como vantagens para o solo para a mobilização tradicional (charrua, grade e escarificador), são:

Arejar o solo;
Aumentar a capacidade de infiltração de água;
Conservar a humidade;
Enterrar os adubos e matéria orgânica;
Eliminar algumas infestantes.
As três primeiras razões são atualmente consideradas mais falsas que verdadeiras, em várias culturas arbóreas, dependendo do tipo e da profundidade do solo.

As desvantagens dos sistemas de mobilização tradicional do solo são:

Destruição das raízes superficiais das oliveiras;
Aumento da erosão;
Aumento da flora vivaz (geófitos e hemicriptófitos);
Compactação do solo;
Destruição da estrutura do solo.

Atualmente, os sistemas mais utilizados são a semimobilização e o enrelvamento temporário ou permanente na linha e/ou entrelinha.

A semimobilização (sistema misto) consiste em:

Herbicida residual/sistémico por baixo da copa das árvores (≈35-40 % do terreno);
Mobilização tradicional e/ou herbicida na entrelinha.

O enrelvamento temporário durante o Outono e Inverno – em sequeiro, consiste em:

Herbicida de pós-emergência ou corte/pastoreio da flora espontânea/semeada no início da competição pela água no solo;
Eventual faixa de 50 cm, sem herbicida, no centro da entrelinha para ressementeira natural.

Em regadio, o enrelvamento poderá ser permanente, mas deverá ser controlado o crescimento da flora adventícia na linha e na entrelinha, durante o final da Primavera com os meios que o agricultor dispuser, mas sem mobilizar o terreno.

As vantagens dos sistemas de não-mobilização e mistos são:

Aumento de produção;
Redução nos custos de produção;
Redução do consumo de energia;
Redução do investimento em maquinaria e potência;
Aumento dos dias de trabalho disponíveis;
Melhoria das propriedades físicas do solo;
Redução das perdas de água do solo por evaporação;
Redução da erosão;
Possibilidade de manter olivais em solos com alguma inclinação;
Compatibilidade com os sistemas de rega;
Melhoria no uso do solo pelas plantas;
Aumento da temperatura do ar;
Redução das geadas de Primavera.

As desvantagens dos sistemas de não-mobilização são:

Redução da dimensão dos frutos;
Alteração da flora adventícia;
Possibilidade de prejuízos causados por roedores (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de agosto/setembro 2024


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Disponível gravação das Jornadas Técnicas “Do Olival ao Azeite: Caminhos para a Sustentabilidade”