Devido à doença do Cancro Bacteriano da Actinídea causada pela biovar mais virulenta da bactéria Pseudomonas syringae pv. actinidiae (Psa3), todo o setor de kiwi tem sido afetado desde 2010, com o surgimento da Psa3 em Portugal (Balestra et al., 2010), e tal como noutros países, esta doença causou elevados prejuízos aos produtores portugueses (Sorticinni et al., 2012; Vanneste, 2017; Garcia et al., 2018). Não há tratamento eficaz contra a doença, e os tratamentos fitossanitários são essencialmente à base de compostos de cobre (que podem levar ao surgimento de bactérias resistentes ao cobre), e de indutores da resistência da planta.

O projeto GESPSA Kiwi (2018-2022) pretende colocar ao serviço dos produtores algumas técnicas e conhecimentos de última geração, aumentando a capacitação tecnológica do setor do kiwi, com o objetivo de melhorar a proteção de pomares contra Psa, e aumentar a sua produtividade, mesmo na presença desta grave doença bacteriana.A equipa do GesPsaKiwi é multidisciplinar e integra o setor empresarial da KiwiGreensun, com o da investigação aplicada à proteção sustentável, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo e da Universidade do Porto. A inovação deste projeto reside em trabalhar a doença globalmente, unindo as abordagens mais específicas e científicas com os técnicos e os produtores, adaptando-se às novas tendências regulatórias e de mercado, e propondo soluções de adaptação dos pomares às alterações climáticas, num cenário cada vez mais globalizado e alinhado com a estratégia “Farm to Fork” da União Europeia.

O GesPsaKiwi propõe-se melhorar a gestão e a valorização dos pomares de kiwi através de um protocolo para redução dos prejuízos resultantes do Cancro Bacteriano da Actinídea causados pela PSA, combinando soluções integradas:

• redes foto-seletivas colocadas acima da cultura para proteção contra a ação do vento, da radiação, da chuva, do granizo, geada e de Psa;

• técnicas de diagnóstico precoce da infeção causada por Psa (e caracterização da população portuguesa para efeitos de análise epidemiológica);

• estratégias de rega e fertilização azotada;

• meios de luta biológicos inovadores, contra Psa.

Os ensaios de campo decorreram num pomar da KiwiGreensun (A. deliciosa, ‘Hayward’) localizado na Quinta das Picas, Portugal (41º31’N; 8º27’W), com cerca de 30 anos, com presença de lençol freático próximo da superfície do solo, e com as características químicas do solo seguintes: pH (H2 O) 5,6; teor de matéria orgânica 35 g kg-1; P2 O5 e K2 O disponíveis de 122 e 297 mg kg-1, respetivamente (…).

→ Leia o artigo completo na edição de março 2023 da Revista Voz do Campo.

Autores:
Luísa Moura 1,2*, Rui Pinto1,2, Conceição Santos3, Vitor Araújo4
1 Escola Superior Agrária, Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Refóios, Ponte de Lima.
2 CISAS-Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade, Instituto Politécnico de Viana do Castelo.
3 IB2Lab-LAQV REQUIMTE & Faculdade de Ciências, Departamento de Biologia, Universidade do Porto, Porto.
4 KIWI GREENSUN, Quinta das Picas – Rua da Agrela, Guimarães.
Autor de correspondência: *luisamoura@esa.ipvc.pt

Edição de março 2023