Introdução:
A romãzeira (Punica granatum L.) é cultivada em todo o mundo, nas zonas mediterrânicas, subtropicais e tropicais. Na bacia do Mediterrâneo destacam-se a Turquia, Tunísia, Israel e Marrocos. A Espanha, com a produção de 48 137 T, e a Itália com 13 956 T, são os maiores produtores europeus, existindo ainda condições para a sua expansão (Sarkhosh et al, 2020). Portugal produz atualmente 2 889 T, repartidos pelo Alentejo e Algarve (INE, 2019), tendo duplicado a quantidade de romãs produzidas na última década dada o enorme potencial desta cultura sendo, ainda, uma cultura que é ainda pouco conhecida para os agricultores da região alentejana. A romã é uma fruta que faz parte da dieta mediterrânea devido aos benefícios medicinais e nutricionais que conferem à alimentação humana, resultante do seu elevado teor de compostos bioativos e elevada atividade antioxidante. Sendo, também, a romãzeira uma cultura muito bem adaptada ao clima Mediterrânico surge, nos últimos anos, na forma de pomares intensivos de regadio na região alentejana, a sul de Portugal. Nesta região, a escassez do recurso natural água é uma questão importante ao qual acresce os condicionalismos inerentes ao clima Mediterrânico, agravado pelas alterações climáticas.
Apesar do recurso à rega aumentar a disponibilidade hídrica das culturas, a maior pressão sobre os recursos hídricos requer uma gestão, ao nível da parcela, cada vez mais orientada para o uso mais eficiente, racional e sustentado da água, sendo a rega deficitária, uma estratégia possível de maximização destes efeitos e, também, considerada uma estratégia conservativa substituindo o método de gestão tradicional da rega. A cultura da romã é referida por Galindo et al. (2018), como uma das culturas com melhor resposta a uma estratégia de rega deficitária. Esta estratégia baseia-se no princípio de que a sensibilidade das plantas não é constante durante o ciclo, pretendendo-se avaliar se é possível reduzir a quantidade total de água utilizada sem afetar a produção de romãs, quer sob o ponto de vista quantitativo, quer qualitativo.
A implementação de diferentes estratégias de rega deficitária resulta de um compromisso entre manter ou melhorar a qualidade da produção num contexto do uso mais eficiente da água da rega. Esta forma de gestão da rega poderá compreender níveis diferentes de aplicação de água em função das fases fenológicas, com menor redução nas fases em que a sensibilidade hídrica é maior, de que é exemplo a Rega Deficitária Controlada (RDC).
No caso da romãzeira, existem alguns trabalhos sobre a utilização da RDC que apontam para uma possível redução das dotações, em determinadas fases do ciclo, sem prejuízo para a produção da cultura (Volschenk, 2021). Os resultados disponíveis em pomares da região de Alicante/ Espanha, mostram que a utilização da RDC na fase de floração / início da formação do fruto, conduziram a um aumento na produção total de romãs, do número de frutos à colheita e a menor número de frutos rachados que a estratégia RDC na fase de maturação (Intrioglio et al., 2013). Outros trabalhos sobre a utilização desta estratégia de rega indicam que a qualidade global do fruto não é comprometida podendo até promover o aumento do teor em sólidos solúveis totais e da quantidade de compostos bioativos na romã (Galindo et al., 2018).
Tanto quanto sabemos, em Portugal os primeiros estudos sobre a aplicação de estratégias de RDC em romãzeira foram desenvolvidos no âmbito do projeto INNOACE (049_INNOACE_4_E) – programa INTERREG Espanha Portugal (POCTEP) 2018-2020. No âmbito deste projeto foi instalado um ensaio em Beja, Baixo Alentejo, onde se aplicaram duas estratégias de RDC nos seguintes períodos (…).
Leia o artigo completo publicado na edição de junho 2022.
AUTORIA: Sofia Ramôa1, Valme Gonzalez García4, Letícia Fialho2, Justino Sobreiro1, Isabel Guerreiro 1, Hilário Catronga 3, Eliana Jerónimo2,5, Pedro Oliveira e Silva1,6
1Departamento de Biociências, Instituto Politécnico de Beja, Rua Pedro Soares, Apartado 6158, 7800-908 Beja, Portugal
2Centro de Biotecnologia Agrícola e Agro-Alimentar do Alentejo (CEBAL)/ Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), 7801-908 Beja, Portugal
3Trevo – Floresta, Agricultura e Ambiente, Lda, R. Fernando Namora 28, 7800-502 Beja, Portugal
4Instituto de Investigaciones Agrarias Finca La Orden – Valdesequera, Centro de Investigaciones Científicas y Tecnológicas de Extremadura, Ctra. A-V, Km372, 06187 Guadajira, Badajoz, Espanha
5MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento, CEBAL, Beja, 7801-908 Beja, Portugal
6VALORIZA – Centro de Investigação para a Valorização de Recursos Endógenos, Instituto Politécnico de Portalegre, Portalegre, Portugal
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