As previsões em termos de qualidade e quantidade são otimistas.

O milho é a cultura arvense mais importante do país. Estimando-se que envolva mais de 67.500 explorações agrícolas, ocupando 110.000 hectares de área cultivada do norte e sul do País. A produção nacional assegura 25% das necessidades do país, sendo que o restante milho é importado de várias regiões do globo, sobretudo da Ucrânia e do Brasil.

No dia 30 de agosto, a ANPROMIS – Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo assinalou na Quinta da Cholda, na Golegã, o início da colheita deste cereal que, recordamos, tem inúmeras utilizações, tais como a silagem, ou no caso do grão, os alimentos compostos para animais, a alimentação humana (amidos, gritz, farinhas, etc…) ou, mais recentemente, a produção de materiais biodegradáveis (bioplásticos e fibras) que fazem com que esta cultura seja única na grande diversidade de aproveitamentos que lhe são dados.

Os produtores de milho estão otimistas relativamente à campanha, após um ano agronómico positivo, apesar das condicionantes das alterações climáticas, que todos os anos colocam novos desafios a quem tem o seu negócio a céu aberto. Relativamente aos preços pagos ao produtor – fixados num mercado mundial – regista-se uma preocupante redução, que penaliza muito seriamente os produtores nacionais.

Otimização e gestão asseguram o futuro

Para fazer face aos múltiplos desafios que a produção enfrenta, os agricultores apostam cada vez mais na agricultura de precisão. João Coimbra, na Quinta da Cholda, há vários anos consecutivos que, munido de diferentes equipamentos, recolhe dados na sua exploração e toma decisões sempre na procura da eficiência. Atualmente produz com altos níveis de otimização da utilização de água e dos produtos fitofarmacêuticos que utiliza. Paralelamente, nas áreas menos produtivas que dedicou à conservação da biodiversidade instalou painéis fotovoltaicos e é hoje autossuficiente em energia. “Estamos muito focados na questão da água porque esta é um fator decisivo para a produção. O objetivo é multiplicar aquilo que o nosso solo dá naturalmente, usando a mesma quantidade de água. Estou também a investir na energia para conseguir baixar os custos da rega”, explicou João Coimbra, proprietário da Quinta da Cholda. O produtor agrícola disse ainda que o futuro passa por “produzir mais com menos”.

A fileira do milho está a trabalhar para encontrar o caminho da sustentabilidade económica e ambiental, mas há dados que deixam o setor apreensivo, nomeadamente o decréscimo significativo das áreas de produção. “A diminuição da área de produção não é uma boa notícia para nós e prova que as medidas de apoio para o setor têm de ser rapidamente reavaliadas. Alertamos para esta situação desde o início das negociações para o PEPAC [Plano Estratégico da Política Agrícola Comum] e vamos continuar a fazê-lo. Portugal tem de decidir qual o seu posicionamento face ao milho, uma cultura tão importante para o país”, afirmou Jorge Neves, presidente da ANPROMIS.

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