Autores:
Mariana Quadrado1, Mariana Mota2
1 Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349‐017 Lisboa, Portugal
2 Laboratório associado TERRA, Centro de investigação LEAF—Linking Landscape, Environment, Agriculture and Food, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Tapada da Ajuda, 1349‐017 Lisboa, Portugal

Introdução

O diospireiro (Diospyros kaki L.) pertence à família Ebenaceae e é uma espécie originária da China. Em Portugal, já se encontra presente há muitos anos, existindo maioritariamente no Algarve e em plantações dispersas ou bordaduras espalhadas pelo país. Cultivam-se essencialmente dois tipos de diospireiro, um que produz frutos moles com casca avermelhada e outro que produz o dióspiro de roer, com casca mais clara.

Os frutos apresentam um elevado teor de água e são muito ricos em vitaminas A, B1, B2 e C, em minerais como potássio, fósforo, magnésio, ferro e cálcio, compostos antioxidantes, e fibras. Esta composição permite retardar a digestão dos hidratos de carbono, permitindo assim reduzir o risco de picos de glucose no sangue. Por sua vez, a sua elevada concentração em taninos contribui na prevenção e redução do risco de doenças cardiovasculares e cancerígenas. Talvez pelas suas características, nos últimos tempos, tem-se verificado um aumento da sua procura e do seu consumo.

Sendo uma fruteira, a sua forma preferencial de propagação para instalação de pomares é a propagação vegetativa, por estaca, por micropropagação ou por enxertia. Neste âmbito, surgiu o estudo realizado no ISA, onde se abordaram a propagação in vivo por estacas lenhosas e a propagação por cultura de tecidos in vitro num genótipo de dióspiro mole, recorrendo a gomos dormentes, colhidos no início da primavera de 2022 (estados fenológicos A-B) ou já em início de atividade (estado fenológico C).

Ensaio de enraizamento de estacas

Nos ensaios de estacas (Fig. 1) testou-se o efeito do ácido 3-indolbutírico (IBA) como regulador de crescimento, conjugando duas concentrações de IBA (3000 e 6000 mg/L) com três tempos de imersão (5, 10 e 20 segundos). As estacas foram mantidas em condições de estufa a uma temperatura ambiente oscilando entre 18ºC e 27ºC e fotoperíodo natural durante aproximadamente 2 meses. Recorreu-se à utilização de tabuleiros propagadores, por forma a tentar manter uma humidade relativa elevada. Ao fim deste período, avaliou-se a sobrevivência, o abrolhamento e o enraizamento das estacas.

 

Os resultados obtidos nos ensaios de estacas revelaram que o protocolo testado não foi eficaz. Observou-se o abrolhamento dos gomos (Fig. 2), mas não se verificou formação de raízes em nenhuma das estacas preparadas.

Fig. 2 – Gomos abrolhados em estacas mergulhadas em 6000mg/L de IBA durante 20 segundos

Ensaios de instalação e multiplicação in vitro

No ensaio de micropropagação, foram comparados diferentes métodos de desinfeção em gomos provenientes de estacas caulinares, instalando-se depois os explantes desinfetados em meio de cultura com zeatina, regulador de crescimento do grupo das citocininas, que promove a divisão celular (…).

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