Neste projeto pretende-se criar as ferramentas para a alavancar a Apicultura e em particular os Méis DOP portugueses, permitindo valorizar o potencial da polinização como atividade económica e contribuir para a resiliência ambiental, económica e social nos territórios.

Portugal é um país de forte tradição apícola com 9 regiões de Mel DOP. As alterações climáticas, incêndios e introdução de espécies invasoras levam a alterações profundas nos territórios (do ambiental ao socioeconómico), ameaçando a genuinidade do Mel DOP português e provocando quebras acentuadas na produção apícola certificada.

Neste projeto pretende-se criar as ferramentas para a alavancar a Apicultura e em particular os Méis DOP portugueses, permitindo valorizar o potencial da polinização como atividade económica e contribuir para a resiliência ambiental, económica e social nos territórios.

O principal objetivo da primeira atividade é garantir a sustentabilidade do serviço de polinização prestado pelas abelhas, valorizando o seu contributo para a preservação e resiliência dos territórios. Será criada uma Bolsa de Polinização Apícola com base em inquéritos aplicados aos apicultores e agricultores e complementados com estudos que permitam caracterizar o impacto socioeconómico da polinização nos territórios DOP. Esta informação será a base para o desenvolvimento de uma plataforma com o objetivo de conectar interlocutores com base nas suas características, necessidades e ou preferências. Este matchmaking permitirá a interação, criando sinergias entre apicultores e agricultores promovendo a polinização por abelhas que irão colaborar para uma produção agrícola ecologicamente responsável.

A segunda atividade tem por base o reconhecimento da dinâmica das áreas de produção de mel com certificação DOP: a variabilidade de fatores ambientais, sanitários e sociais que consociados com fatores económicos e legais, influenciam a sustentabilidade da produção de mel e condicionam a biodiversidade dos ecossistemas. Esta atividade explora e combina as particularidades atuais de cada um desses fatores para o traçado de uma carta de aptidão apícola para os territórios de mel DOP, potenciando os recursos existentes e identificando os espaços cuja sustentabilidade ambiental esteja ameaçada. O resultado da atividade possibilitará também atualizar os cadernos de especificações das diferentes DOP, permitindo delinear orientações corretivas, nomeadamente ao nível do coberto vegetativo, e que assegurem o futuro da prática apícola e a identidade das DOP do mel Português.

Na terceira atividade pretende-se criar metodologias de análise rápida com recurso à espectroscopia vibracional (NIR, FTIR e RAMAN) para parâmetros de qualidade do mel. Os parâmetros ou grupos de parâmetros que caracterizem cada uma das DOP irão facilitar o ajuste dos diferentes cadernos de especificações. Os modelos de calibração obtidos para os diferentes parâmetros analíticos permitirão obter uma caracterização do mel, utilizando uma pequena quantidade de amostras, de uma forma rápida, mais económica e sem recurso a reagentes poluentes.

Por último pretende-se criar uma estratégia de comunicação dos Méis DOP de Portugal. Através da recolha de informação do mercado, da produção e das tendências de consumo, com o objetivo de comunicar e promover as características únicas dos méis DOP e da sua imagem como produto de excelência, e posicionar o mel como alimento promotor da sustentabilidade dos ecossistemas e da biodiversidade. Adicionalmente, será criada uma Loja Virtual do Mel e expositores “MEL PORTUGAL” capaz de simultaneamente colocar e promover os méis DOP em diversas tipologias de superfícies comerciais.

No projeto Beeland (código PRR-C05-i03-I-000081) participam ativamente os seguintes parceiros Centro de Competências da Apicultura e da Biodiversidade (CCAB), CATAA – Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar de Castelo Branco,  Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação (MORE), Instituto Politécnico de Bragança (IPB),  Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB), FNAP – Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, InovCluster, DRAP Norte, CAPOLIB, Cooperativa de Produtores de Mel da Terra Quente, Lousãmel, Associação Apicultores da Região de Leiria, Meltagus, Bee Cordeiros, Raízes e Euromel é cofinanciado pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e pelos Fundos Europeus NextGeneration EU.

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Autoria do artigo:

Gonçalves, E.1, Anjos, O. 2,3, Vilas Boas, M.4, Casaca, J.5, Fazenda, P.6, Espírito Santo, C.7,8

1 – MORE – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação.

2 – CERNAS-IPCB, Centro de Estudos de Recursos Naturais, Ambiente e Sociedade, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Castelo Branco

3 – Centro de Estudos Florestais (CEF), Laboratório Associado TERRA, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Lisboa.

4 – Centro de Investigação de Montanha (CIMO), Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia, 5300-253 Bragança, Portugal;

5 – FNAP – Federação Nacional de Apicultores de Portugal.

6 – InovCluster – Associação do Cluster Agro-Industrial do Centro

7 – CATAA – Centro de Apoio Tecnológico Agro Alimentar de Castelo Branco.

8 – CFE – Centro Funcional de Ecologia, Calçada Martim de Freitas, Coimbra.