Na Beira Interior, existem várias quintas que apostam na cultura do milho. Falámos com os responsáveis de uma exploração com mais de 130 hectares, localizada na Cova da Beira, no Fundão, para conhecer os segredos de uma produção saudável e abundante.

Fernando Mesquita Milheiro é Engenheiro Agrónomo na empresa familiar criada pelo seu pai, há mais de 20 anos. Desde 2015 que é responsável pela vertente técnica da produção de milho, em monocultura, tornando-a cada vez mais mecanizada e sustentável. A sua propriedade contempla 20 hectares de olival e 10 dedicados à produção de cereja, mas neste momento o foco está na cultura do milho, com cerca de 100 hectares e uma produtividade média de 12 a 13 toneladas de milho por hectare.

Fernando Milheiro, à esquerda e Bruno Costa, à direita

“As dificuldades, estando bem mecanizados, são poucas. Há uma única coisa que não conseguimos controlar, que é a questão do tempo, como é óbvio”, revela, em entrevista à Revista Voz do Campo, o Eng. Fernando. Há cinco anos que conta também com o apoio da Agripro, através do trabalho técnico e comercial do Engenheiro Agrónomo Bruno Costa, na escolha dos melhores produtos para garantir o bom crescimento do milho.

A produção de milho na Beira Interior começa mais tarde do que no Alentejo e no Ribatejo, pois as chuvas prolongam-se até maio e dificultam o acesso de tratores para trabalhar as terras. Assim, enquanto nas zonas mais a Sul o milho pode ser semeado no início de abril, completando as variedades de ciclo 600 e tendo mais tempo para se desenvolver, na zona da Cova da Beira a produção é por norma entre os ciclos 400 e 500, com a fase de sementeira a ocorrer no princípio ou em meados de maio.

O segredo para bons resultados, apesar do menor tempo de produção, é então cuidar da exploração desde o início. “Alguns produtores esquecem-se um bocadinho da sementeira, e depois vão tentar compensar essa lacuna na adubação com azoto. Contudo, se não lhes deram o necessário, para o seu desenvolvimento radicular, de fósforo e potássio, não interessa, até podem dar 2.000 kg de azoto, estão a deitar o dinheiro fora, pois não será aproveitado pela cultura”, explica o técnico Bruno Costa, que se encarrega das macros da produção.

Revela ainda que esta exploração utiliza produtos do Grupo Fertiberia ADP para a adubação de fundo, oferecendo as quantidades certas de azoto, fósforo e potássio às culturas, bem como herbicida Deflexo Ultra, da Ascenza (antiga SAPEC) para garantir a proteção das plantas, e ainda inseticidas, também da Ascenza e Syngenta.

Já Fernando Mesquita Milheiro, responsável também pelo programa hídrico da exploração de milho, acrescenta que além das macros, a quantidade de rega ajustada a cada fase de produção é essencial, para que não tenha água a mais nem a menos. Existe ainda um processo que nem todos os produtores executam e apenas quem tem mais experiência na área conhece, que é causar algum stress hídrico na altura certa do crescimento da sementeira, para que a raiz subterrânea fique mais profunda e, consequentemente, o porte aéreo possa ser maior.

“A planta tem de ganhar um porte alto porque senão a maçaroca não se forma, mas só ganha uma maior estrutura aérea quando tem uma grande estrutura subterrânea. Nós criamos este stress hídrico para que a planta vá à procura da humidade mais no fundo da terra, para ter uma raiz maior e uma parte aérea maior”, esclarece.

Durante o ciclo de produção, os trabalhadores desta exploração aplicam uma técnica de sacha e adubação simultânea. “O solo junta-se em camalhão ao milho, removendo aquela camada de terra, juntando os minerais que estão aí perdidos, que ainda não estão absorvidos, com o azoto que se está a colocar, que neste momento são utilizados 500 kg de adubo azotado por hectare, que dará um total de 150 unidades de azoto por hectare”, explica Bruno Costa sobre o processo final. É desta forma que conseguem manter a saúde da plantação e garantir que estará pronta para colheita e venda a granel.

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