“O setor agrícola está muito atento ao desenvolvimento de novas ferramentas com um pedido de acesso mais rápido às tecnologias inovadoras”Empenhada em promover ativamente a investigação e a inovação para equipar os agricultores europeus no sentido de uma agricultura mais sustentável, resiliente e inclusiva, a CropLife Europe, estabeleceu seis compromissos até 2030 centrados em três áreas: inovação e investimento, economia circular, e proteção das pessoas e do ambiente, avança em entrevista Olivier de Matos, diretor-geral da associação.

Como define a CropLife Europe?

A CropLife Europe é uma associação europeia composta por 23 empresas (multinacionais e PMEs) e 31 associações nacionais (incluindo a ANIPLA) com sede em Bruxelas.

Antes de ser CropLife Europe, a associação chamava-se ECPA (European Crop Protection Association), cujo principal foco incidia apenas nos pesticidas convencionais, ou seja, tudo o que era relativo à autorização de substâncias, à proteção das plantas, numa vertente relacionada com os aspetos regulamentares e técnicos.  Em janeiro de 2021 nasceu então a CropLife Europe, com o intuito de ser mais eficaz e representativa da realidade atual. Compreendemos a necessidade de diversificar a caixa de ferramentas do agricultor e reduzir a dependência de uma única ferramenta (proteção convencional química) para proteger o rendimento das culturas. Queremos fornecer o conjunto de ferramentas (ou “caixa de ferramentas”) mais completo possível para que os agricultores europeus possam escolher o seu modelo de produção preferido, seja ele convencional ou biológico. Nesse sentido, os associados da CropLife Europe apoiam os agricultores europeus na proteção das suas culturas através da proteção convencional química (fitofármacos), da bioproteção (ou “controlo biológico”), da biotecnologia vegetal e da agronomia digital.

A CropLife Europe está empenhada em promover ativamente a investigação e a inovação para equipar os agricultores europeus no sentido de uma agricultura mais sustentável, resiliente e inclusiva. Neste sentido, a CropLife Europe sempre apoiou plenamente a direção tomada pelo Pacto Ecológico Europeu e pela Estratégia “Do Prado ao Prato”.

E quais são as ferramentas da Associação para pôr em prática os seus objetivos?

Estabelecemos seis compromissos até 2030 centrados em três áreas: inovação e investimento; economia circular; e proteção das pessoas e do ambiente.

Na área da inovação e investimento, a ideia é apostar em acelerar a capacidade dos agricultores para combater a pragas e doenças, protegendo o ambiente. Temos o compromisso de investir 14.000 milhões de euros em bioproteção e agronomia digital (10.000 milhões para agronomia digital e 4.000 milhões para bioproteção).

Na área da economia circular, o grande desafio prende-se com os resíduos plásticos provenientes dos produtos pesticidas, cujas embalagens têm de ser recolhidas e tratadas. Neste momento, a taxa de retoma de resíduos de embalagens de produtos fitofarmacêuticos na UE é de 66% e nós queremos chegar aos 75% em 2025. Também queremos desenvolver e disponibilizar um sistema de recolha dos resíduos plásticos, porque nem todos os países da União o têm.

Na área da proteção das pessoas e do ambiente, o objetivo é facilitar o acesso às novas tecnologias. Temos o compromisso de dar formação a um milhão de agricultores e consultores nas boas práticas para a saúde e também na utilização da água e proteção do ambiente. Começámos há dois anos a fazer esta formação e, mesmo com o covid pelo meio, já conseguimos chegar a 112 mil pessoas (10% do objetivo). Esta capacitação passa por informar, treinar e explicar. Queremos que os intervenientes tenham acesso aos melhores métodos e práticas. Temos também uma tecnologia de CTS (Closed Transfer Systems) para reduzir ainda mais a exposição dos operadores às substâncias e disponibilizar essa tecnologia a 100% dos produtores até 2030 (…).

↓ Leia a entrevista completa na Revista Voz do Campo, edição de outubro 2023.