Introdução:

Desde tempos remotos que se multiplicam as árvores de fruto com a finalidade de obter plantas iguais à planta original que produz os frutos que desejamos. A forma de o fazer pode ser diversa, por multiplicação vegetativa ou por via seminal com posterior enxertia. A primeira baseia-se na utilização de uma porção de um ramo de tamanho e diâmetro variável, segundo a espécie, que se coloca em determinado substrato e em determinada época do ano, a enraizar para passado algum tempo originar uma árvore exatamente igual à planta mãe. A segunda forma baseia-se na utilização das sementes dos frutos que recolhemos e, que depois de lavadas e estratificadas, são colocadas em determinada época do ano num substrato específico para germinarem e originarem assim uma árvore. Esta por ter origem numa semente, que resultou da polinização entre duas árvores distintas, tem de ser enxertada para que os frutos sejam iguais aos da árvore original.

Figura 1 – Multiplicação vegetativa de porta-enxertos de macieira

Existe ainda a possibilidade de termos porta-enxertos de origem seminal ou de multiplicação vegetativa (Figura 1), que são enxertados com porções de ramo da árvore que pretendemos multiplicar, obtendo-se assim uma planta que produz frutos iguais aos da árvore original. Os porta-enxertos são plantas cujo sistema radicular pode estar adaptado a diferentes tipos de solo, a diferentes níveis de secura ou de excesso de água, serem resistente a determinadas pragas e ou doenças, podendo ainda provocar a entrada mais rápida da árvore em produção, a antecipação ou atraso na maturação dos frutos e terem uma influência positiva na qualidade dos frutos.

Os viveiristas

Devido ao conhecimento cada vez mais especializado na multiplicação de árvores, e ao constante surgimento de novos porta-enxertos e de novas variedades de fruteiras resultantes dos diferentes programas de melhoramento de fruteiras, bem como a necessidade crescente de grandes quantidades de plantas de diferentes espécies e de diferentes variedades, surgiram empresas dedicadas à multiplicação de plantas que são os viveiristas. A atividade de viveirista deve ser exercida de forma profissional, responsável e honesta, uma vez que vai influenciar de forma determinante os pomares nos quais as suas árvores vão ser plantadas, assim como a produção e a respetiva qualidade.

A qualidade das árvores de viveiro e o pomar

Cada vez mais um pomar é comparado a uma fábrica, em que cada árvore do pomar é como um operário de uma fábrica em que todas têm de produzir igual número de frutos com as mesmas caraterísticas (peso, tamanho e cor). Se uma árvore proveniente de um viveiro está doente, debilitada ou está enxertada num porta-enxerto diferente das restantes ou se é de outra variedade que não a pretendida, o que vai acontecer é que a produção dessa árvore é diferente das restantes e, como tal, esse “operário” origina um rendimento inferior ao esperado pelo produtor afetando a produção final do pomar (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo, edição de novembro 2023.

Autoria: Rui M. Maia de Sousa (INIAV, I.P.)
Pólo de Inovação de Alcobaça – Estação Nacional de Fruticultura
Vieira Natividade2460-059 Alcobaça – Portugal
e-mail: rui.sousa@iniav.pt