Salivitae é a empresa responsável pela execução de um desses projetos, que tem como objetivo o desenvolvimento de uma Unidade de Produção de Salicórnia.

Com um custo total de 111.244€, com financiamento comunitário de 41.717€ e nacional de 13.905€, o projeto, inserido na medida 3. “Valorização da produção agrícola” e nas ações 3.1 “Jovens Agricultores” e 3.2 “Investimento na exploração agrícola”, assenta na instalação de dois jovens agricultores, associados na empresa “Salivitae, Lda.”, sediada no concelho de Portimão, com o objetivo de desenvolverem uma unidade de produção intensiva, em 4.600 m2 de estufas, de Salicornia, cuja produção se destina essencialmente à exportação, e ao mercado nacional, a médio/longo prazo.

A salicórnia (também conhecida por Sal Verde ou Espargo do Mar) é uma planta halófita, que vegeta naturalmente em ambientes na proximidade do mar, sendo por isso tolerante a um certo grau de salinidade.

A aposta num projeto de produção intensiva de salicórnia, deveu-se ao elevado potencial que esta planta representa, a nível alimentar e farmacêutico, e à sua procura atual, especialmente ao nível do mercado externo. O mercado europeu, em 2014, consumiu cerca de 20 ton. de salicórnia, por semana, procurando produto com qualidade controlada, o que perspetiva uma boa oportunidade comercial.

A localização desta exploração, a norte da Figueira/Mexilhoeira Grande/Portimão, a cerca de 3 Km do mar, implicou a necessidade de serem criadas as condições ambientais adequadas ao desenvolvimento desta planta, especialmente ao nível da água da rega (teor de sal) e no sistema de iluminação artificial, de forma a potenciar as produções, o que confere um caráter inovador ao projeto.

Com este sistema pretende-se obter colheitas escalonadas ao longo do ano, para assim garantir um fornecimento regular deste produto e assim conseguir uma maior fidelização de clientes.

O projeto consta da instalação de 4.600 m2 de estufas, para produção intensiva de Salicórnia, em ambiente controlado, localizado em zona afastada do ambiente marinho, onde vegeta naturalmente esta planta.

Com vista a adequar as condições de salinidade necessárias ao desenvolvimento desta planta, foi necessário efetuar a impermeabilização da área de produção e o controlo do teor de sal da água utilizada na rega, de forma a permitir a sua reutilização e a proteção do solo.

Ao nível dos equipamentos, foi instalado um sistema fotovoltaico, que sustenta o sistema de rega e um sistema de iluminação artificial (lâmpadas led), de forma a complementar a luz solar, nos períodos em que esta é deficitária, e assim ser possível otimizar as condições de produção.

Foi igualmente necessário a aquisição de uma câmara frigorífica, de forma a conservar as plantas nas condições adequadas até à sua comercialização.

Durante o desenvolvimento do projeto houve necessidade de adequar o modelo de cultivo, testado e presente na Holanda e Israel, às condições locais, especialmente no que se refere à preparação do solo, métodos de germinação, controlo da irrigação, regulação do fotoperíodo e períodos de colheita, de forma a potenciar a produção, em quantidade e qualidade.

Depois de uma fase de experimentação e adaptação, que decorreu principalmente no ano de 2018, os primeiros resultados chegaram em abril de 2019. A partir desse momento, a colheita é efetuada de 1 a 2 vezes por semana, para que o produto chegue sempre fresco às prateleiras.

Ao nível produtivo, estima-se uma produção anual de 15 toneladas, em três ciclos de produção, com quatro meses cada.

A produção destina-se principalmente para a Holanda, considerado o maior importador europeu, que funciona como grande retalho da salicórnia, como também para a Alemanha, Bélgica, Polónia e República Checa.

Quanto ao mercado nacional, ainda é considerado residual, já que este produto ainda é desconhecido dos consumidores.

Além da salicórnia fresca, a empresa está igualmente a apostar na desidratada, liofilizada e triturada, em pickles e em conserva, de forma a poder chegar a nichos de mercados diferentes.

Pelo facto destas plantas serem pouco exigentes a nível nutricional e as suas necessidades em água serem relativamente baixas, e por outro lado, em termos de mercado se perspetivar um aumento no seu consumo, entende-se que este tipo de investimento poderá ser replicado, especialmente em zonas mais desfavorecidas, contribuindo assim para o desenvolvimento destas áreas.