O Laboratório Vivo para a Regeneração do Sistema Agro-Silvo Pastoril do Montado, cuja formalização ocorreu no passado dia 8 de janeiro na Universidade de Évora, tem por objetivo primordial testar soluções que permitam preservar e regenerar o montado, assim como os ecosistemas e os serviços de ecosistemas a este associados, em várias parcelas de montado distribuídas no Alentejo.

O Laboratório Vivo integra um grupo de cerca de 40 stakeholders, que inclui vários atores da academia, proprietários e gestores de herdades de montado, entidades da Administração Pública, assim como empresas e associações ligadas ao montado.

A Coordenação do Laboratório Vivo está a cargo da Universidade de Évora, que é a entidade responsável pela Gestão do Laboratório Associado CHANGE (Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade), que integra as 3 Entidades de Investigação incluídas neste Consórcio: o MED (UÉ), o cE3c (FCUL) e o CENSE (UNL). A existência destes Living Labs permitirá o desenvolvimento de investigação em parcelas experimentais, de um modo sistemático e de longa duração, contrariamente ao que ao acontece em projetos de investigação típicos, cujo financiamento e execução são levados a cabo em períodos relativamente curtos, com duração entre dois a três anos. Esta abordagem permitirá a obtenção de resultados relevantes, impactantes e sobretudo representativos, que ajudarão à regeneração e preservação do solo, da biodiversidade e da floresta, com contrapartidas e beníficios no que respeita à gestão da água e da produtividade das explorações de Montado.

A escolha de parcelas com uma distribuição em toda a região do Alentejo, e a sua representatividade no que respeita, à dimensão, tipologia de parcela e modelo de negócio, permitirá o desenvolvimento de soluções ajustadas a diversas condições de produção e de gestão, baseadas em modelos de negócio reais (por oposição a parcelas experimentais em perímetros dedicados só à investigação).

O Laboratório Vivo para a Regeneração do Sistema Agro-silvo Pastoril do Montado integra um grupo de stakeholders variado, que inclui membros da academia, produtores, proprietários e gestores, administração pública, empresas e associações com um papel relevante no Montado. Esta abordagem permitirá o desenvolvimento de uma investigação aplicada, que terá por base as questões e os desafios definidos, não só pelos investigadores, mas por todos os stakeholders com relevância para o montado.

De referir ainda que, o Conceito de Laboratório Vivo (Living Lab) tem por base a fertilização cruzada entre a prática e a investigação, necessária para a resolução de questões complexas e desafios variados da sociedade (agricultura, ambiente, economia, desafios societais, etc). A abordagem dos Laboratórios Vivos pressupõe o envolvimento de sistemas dinâmicos e abertos de colaboração, que fomentem e permitam a inovação.

Os princípios básicos de um Laboratório Vivo são a inovação para os utilizadores finais, o trabalho em parceira e a co-criação e o conceito place based, isto é, localizado, numa região e em contexto real.

Os valores que norteiam o funcionamento dos Laboratórios Vivos são assim, o conhecimento, os modelos de negócio, o bem comum, o bem público e a integridade.

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