A ANIL fala de “situações muito penalizadoras e que colocam em risco o sector, como é o caso do crescente valor de importações de queijo de baixo valor acrescentado provenientes de países do Norte da Europa.”
A Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), assinalou o Dia Mundial do Queijo (20 de janeiro), lembrando e homenageando a indústria queijeira enquanto promotora da tradição e fundamental para o património gastronómico português, parte da identidade cultural de diferentes regiões. O clima, a geografia e a disponibilidade de diferentes tipos de leite (vaca, ovelha e cabra) desempenharam um papel importante no desenvolvimento do fabrico ao longo dos tempos.
“Em Portugal existem cerca de 334 indústrias de leite e derivados, na sua grande maioria fabricantes de queijo. A indústria láctea nacional gera cerca de 1.606 milhões de euros por ano, e é a terceira indústria mais valorizada no seio da indústria alimentar com 11% das vendas”, revela Maria Cândida Marramaque, diretora geral da Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios (ANIL), entidade que reúne 41 empresas associadas e sete aderentes, representando cerca de 90% do volume de negócios do setor.
Dados estatísticos do INE referentes a 2022, em relação ao setor dos queijos, (os últimos disponíveis) referem que a produção total a nível nacional cresceu 1% naquele ano, tendo atingido as 90 mil toneladas. Indicam ainda que o valor do setor representa 37% do volume de negócios da indústria de laticínios.
Se olharmos para os dados relativos ao consumo, podemos constatar que, em 2022, o valor per capita de queijo, atingiu os 14,5 kg/ano. O consumo deste alimento está muito enraizado nos hábitos alimentares dos portugueses, sendo um alimento presente em praticamente todos os lares, no entanto, é necessário continuar a fomentar uma cultura de queijo.
«A ANIL não pode, contudo, deixar de dar nota de algumas situações muito penalizadoras e que colocam em risco o sector. Desde logo, o crescente valor de importações de queijo de baixo valor acrescentado provenientes de países do Norte da Europa, bem como de análogos de queijo (produto que integra na sua composição gordura vegetal). Numa outra dimensão, está a necessidade de delinear uma estratégia que permita recuperar a produção de leite de pequenos ruminantes (ovelha e cabra), importante para uma grande parte dos queijos de produção nacional», alerta.
Em 2023, no período de janeiro a novembro, é possível verificar que Portugal já tinha importado quase 340 milhões de euros, um valor que é mais do dobro do que o valor referente a 2015.
As diferentes variedades de queijo podem ser vistas como símbolos nacionais e regionais. As dinâmicas positivas criadas nas localidades onde estão implantadas unidades transformadoras, refletem-se como dinamizadoras da economia, criam riqueza, geram emprego e contribuem para a manutenção da atividade agrícola e da produção animal, associada à produção de leite de qualidade e ao fabrico de queijo.
Portugal tem um vasto património de queijos DOP e IGP, que refletem um saber fazer de gerações, aliados, entre outros aspetos, ao território e à preservação de raças autóctones. Tem ainda, um sem número de referências de diferentes queijos tradicionais e regionais, às quais se juntam, o queijo flamengo – o mais consumido em termos nacionais, um novo leque de opções inovadoras, mais arrojadas que desafiam o paladar dos mais atrevidos.