As favoráveis condições agroecológicas do nosso país potenciaram a produção de vasta gama de espécies frutíferas, nas quais se incluem os citrinos, traço de uma longa tradição agrícola.

A proveniência geográfica da laranja doce (Citrus sinensis (L.) Osbeck) situa-se em regiões tropicais e subtropicais da Ásia e o seu plantio encontra-se, de um modo geral, dependente de climas quentes e húmidos, embora possam ser cultivados em climas muito diferentes.

Historicamente, em Portugal, antes da laranja doce, existia a laranja amarga (Citrus aurantium L.), introduzida durante o período islâmico. No século XIV parece ter-se iniciado a cultura de uma espécie de laranja doce, referindo-se à introdução de laranjeiras em Alcobaça em 1316. Tal como asseguram diferentes fontes, a partir do século XVI, “um tempo de viragem na produção de laranjas no nosso país” (Ramos 2022: 30), os laranjais estavam inclusos nas estruturas fundiárias regionais entre mosteiros, conventos, mas também em quintas e jardins (Rodrigues 2017). Existe ainda alusão, para o século XVII, de uma variedade agridoce, a bical. De um modo geral, as laranjas existentes eram agres ou agridoces, estando estas últimas presentes na composição de medicamentos.

Mais tarde, vinda do Oriente, surge a laranja doce, conhecida como laranja da China, recebendo fora do reino, o nome de laranja de Lisboa ou laranja de Portugal. Era considerada de qualidade superior e nos séculos seguintes tornar-se-ia na “mais frequente em todo o país” (Bobone, 1938: 257). Não existe uma data complemente precisa quanto ao momento da sua chegada, algo debatido por diversos autores, situando-a entre 1520/40 ou 1620/30, mas é assumido que no século XVIII já eram cultivadas e consumidas, estando disseminadas pelo território nacional. Nos inícios do século XIX surge uma nova variedade oriunda do Brasil, a da Baía, também era apelidada de laranja de umbigo.

Foi com o surgimento da denominada “Segunda Revolução Agrícola” (1850/70-1936/50) que despontaram desafios económicos para a produção de laranjas em Portugal. Eram das regiões de Valência, da Califórnia e, mais tarde, do Médio Oriente que provinham os principais mercados produtores, o que levou à queda das exportações portuguesas, associada a uma retração da produção nacional por diferentes motivos, como algumas pragas agrícolas (cochonilhas e fungos) e o exponencial desenvolvimento de outras culturas (Pires 2023).

A inversão começou a ser sentida no Estado Novo, com um enquadramento institucional que potenciou o desenvolvimento hortofrutícola, através da Junta Nacional das Frutas, criada em 1936. Criaram-se mecanismos de assistência técnica à citricultura, inventariação de variedades e realização de estudos sobre poliembrionia, partenocarpia, mutações de gomos, resistência ao frio e a doenças. A cultura dos citrinos estava muito difundida no país e o seu consumo era elevado (para o período de 1945/48, a capitação anual de laranjas para Lisboa foi de 10,7 kg), além de que os preços de venda eram, duma maneira geral, remuneradores. A produção era quase inteiramente absorvida pelo mercado interno, uma tendência a qual se assiste ainda nos nossos dias. Uma das mais marcantes medidas seria tomada com o Plano de Fomento Frutícola (1962), onde esteve contemplada a concessão de subsídios para a instalação de pomares de citrinos na Madeira e de empréstimos para o seu alargamento no Algarve, Vila Velha de Rodão, Ribatejo e Alentejo.

Foi com o surgimento da denominada “Segunda Revolução Agrícola” (1850/70-1936/50) que despontaram desafios económicos para a produção de laranjas em Portugal. Eram das regiões de Valência, da Califórnia e, mais tarde, do Médio Oriente que provinham os principais mercados produtores, o que levou à queda das exportações portuguesas, associada a uma retração da produção nacional por diferentes motivos, como algumas pragas agrícolas (cochonilhas e fungos) e o exponencial desenvolvimento de outras culturas (Pires 2023).

A inversão começou a ser sentida no Estado Novo, com um enquadramento institucional que potenciou o desenvolvimento hortofrutícola, através da Junta Nacional das Frutas, criada em 1936. Criaram-se mecanismos de assistência técnica à citricultura, inventariação de variedades e realização de estudos sobre poliembrionia, partenocarpia, mutações de gomos, resistência ao frio e a doenças. A cultura dos citrinos estava muito difundida no país e o seu consumo era elevado (para o período de 1945/48, a capitação anual de laranjas para Lisboa foi de 10,7 kg), além de que os preços de venda eram, duma maneira geral, remuneradores. A produção era quase inteiramente absorvida pelo mercado interno, uma tendência a qual se assiste ainda nos nossos dias. Uma das mais marcantes medidas seria tomada com o Plano de Fomento Frutícola (1962), onde esteve contemplada a concessão de subsídios para a instalação de pomares de citrinos na Madeira e de empréstimos para o seu alargamento no Algarve, Vila Velha de Rodão, Ribatejo e Alentejo (…).

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