A Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPCENTRO) e a Biostasia promoveram, recentemente, no Polo de Inovação de Anadia – Estação Vitivinícola da Bairrada a ação intitulada ‘Promoção em modo Resíduo Zero na cultura da vinha’ onde estiveram presentes técnicos de várias regiões do país.

Para além do debate do conceito de produção em resíduo zero, durante a sessão foi apresentado os resultados do ensaio realizado em 2023 no âmbito do protocolo que a Estação Vitivinícola da Bairrada tem com a Biostasia.

Preocupada desde sempre com a questão ambiental, com o ecossistema e com a sustentabilidade, a Biostasia é uma empresa 100% portuguesa, que está no mercado há 20 anos. Inicialmente com foco no mercado urbano, foi há 14 anos que a empresa se direcionou na estratégia do resíduo zero com a primeira solução no combate do escaravelho vermelho das palmeiras, “uma praga que na altura dizimou bastante o país”, recorda à nossa reportagem Marisa Saias, responsável de marketing da Biostasia.

Mais tarde, a empresa decide apostar na agricultura e começou a produzir e a desenvolver os seus próprios produtos, isto é, “estudamos as matérias-primas, vamos buscá-las onde elas existem e depois fazemos as nossas próprias formulações. As nossas soluções têm tecnologia incorporada como a nanotecnologia, extratos naturais, microrganismos (…)”, elucida a responsável de marketing.

Para além da comercialização de produtos, a Biostasia faz questão de estar no terreno com uma equipa de técnicos junto do cliente para recomendar aquilo que entendem como a melhor solução e acompanhá-lo em todas fases da cultura.

Para Marisa Saias, nos últimos dois anos tem havido uma adesão muito crescente pelo conceito do resíduo zero, um trabalho muito melhorado em termos de conhecimento. Marisa Saias atribui essa responsabilidade especialmente aos meios de comunicação social, aos grandes distribuidores e à abertura do PEPAC. “Quando as grandes superfícies vêm dizer que têm produtos biológicos, que têm produtos resíduos zero, é fundamental para o nosso trabalho. As pessoas estão realmente preocupadas com aquilo que comem”, argumenta.

Resíduo zero será o caminho

Falando propriamente na ação, diz César Almeida, Técnico Superior da Divisão de Apoio à Agricultura e Pescas da DRAPCENTRO, e tendo a Estação Vitivinícola da Bairrada como missão a experimentação e divulgação aos agricultores, esta iniciativa procurou investigar, por um lado, e por outro tendo consciência pela questão ambiental e saúde humana, nos últimos anos “temos tentado procurar alternativas e nesse sentido contactámos a Biostasia com os produtos resíduo zero”.

Assim, durante o ano de 2023, foi feito um primeiro ensaio exploratório com a casta Baga, a casta rainha da região da Bairrada. Neste campo, com cerca de 7 mil metros, dividiu-se o campo em dois, uma parte tratou-se com produtos tradicionais e a outra com produtos recomendados pela Biostasia. A aplicação foi feita na mesma altura. Para César Almeida, apesar de não ter sido feita nenhuma avaliação estatística, apenas visual, não se observaram diferenças nenhumas, ou seja, “aplicando os produtos convencionais e os produtos da Biostasia, com um preço de custo muito idêntico, os benefícios estão na sustentabilidade ambiental”.

Na ação participaram um conjunto de técnicos muito interessados, o que leva César Almeida a concluir que: “estou convencido que no próximo ano muitos viticultores vão testar estes produtos. O caminho vai ser este conceito aliados também às práticas agrícolas que se faziam antigamente”.

Coube a Carlos Gabirro, diretor técnico e CEO da Biostasia, apresentar o plano de proteção e fertilização para a vinha. Atualmente, a empresa dispõe de uma gama de produtos muito alargada e não é prática da empresa aconselhar que façam tudo como está no catálogo, mas cada produto tem de ser avaliado, caso a caso. “Temos soluções para controle das principais doenças como o oídio, míldio, a esca da vinha, traça, escaldão (…), com ensaios com muitos bons resultados”. Produtos como o Improver, Biogrowth Active, Biogrowth Amino FE, Biogrowth Verd, Biogrowth S, BProtect Mimosa, Biostamax Light, fizeram parte do plano de proteção e fertilização da vinha da Estação Vitivinícola da Bairrada. Carlos Gabirro destaca ainda uma solução desenvolvida à base de silício e potássio para o escaldão, com provas dadas no mercado.

Para 2024, as apostas da Biostasia são de melhoria contínua e já está programado a realização de um novo ensaio na Estação Vitivinícola da Bairrada com a aplicação dos produtos com o uso de drones, numa vinha com a casta Fernão Pires.


Resultados do Ensaio 2023

– Vinha com bom desenvolvimento vegetativo, sebe mais forte e exuberante relativamente à parcela convencional;

– A frutificação/produção: cachos bem dimensionados, atochados e sãos, com bagos de pelicula resistente e crocantes;

– Dimensão dos bagos semelhantes em ambas as parcelas;

– Quantidade produzida semelhante em ambas as parcelas e igual à média de anos anteriores;

– Custos diretos com produtos para fertilização e proteção 10 euros mais dispendioso o resíduo zero

– Número de produtos aplicados em resíduo zero 8 versus 12 no modo convencional


Carlos Gabirro – Diretor Técnico da Biostasia


Marisa Saias – Responsável de marketing da Biostasia

→ Reportagem publicada na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024