Os nemátodes fitoparasitas (NFP) representam uma ameaça às culturas agrícolas em todo o mundo, causando uma diminuição do seu rendimento e qualidade, bem como um aumento dos custos de produção. Existem, aproximadamente, 4000 espécies de NFP e todas as plantas cultivadas são suscetíveis a pelo menos uma destas espécies. Globalmente são conhecidas quatro espécies de NFP que afetam os citrinos – Tylenchulus semipenetrans, Hemicycliophora arenaria, o Radopholus citrophilus e o Pratylenchus spp.

O nemátode dos citrinos (Tylenchulus semipenetrans) é o causador do declínio lento dos citrinos em várias regiões do mundo. Estima-se que as perdas induzidas por estes indivíduos se cifram nos 10 a 30%. Este nematode está presente, na grande maioria, nas áreas de produção de citrinos, em solos de diferentes texturas. São considerados semi-endoparasitas por se alimentarem fixos na raiz ou no exterior desta. O processo de infeção começa quando um juvenil fêmea se fixa na zona exterior da raiz e o começo da produção de ovos. Os ovos ficam contidos numa matriz gelatinosa até a eclosão. O processo de alimentação, em particular das fêmeas, reduz a quantidade de água e nutrientes disponíveis para a planta.

O nemátode de bainha (Hemicycliophora arenaria) apresenta um grande leque de hospedeiros, apesar de menor dispersão e de preferir solos arenosos. Estes nemátodes alimentam-se exteriormente à raiz, na zona terminal da mesma. Ao atingirem zonas de crescimento ativo, provocam a formação de galhas. A infeção deste pode reduzir o crescimento e o vigor das árvores, em particular das mais jovens. Existem, contudo, alguns citrinos (Citrus × aurantium, Citrus × sinensis) que podem apresentar resistência.

O nemátode cavernícola dos citrinos (Radopholus citrophilus), não foi até ao momento encontrado no continente europeu, mas já foi descrito no continente americano. Os nemátodes das lesões radiculares (Pratylenchus spp.) apresentam uma vasta distribuição mundial e um elevado número de plantas hospedeiras. Estas duas espécies de nemátodes são endoparasitas migratórios, e infetam as raízes das plantas causando lesões, facilmente identificadas por áreas acastanhadas causando a redução no crescimento das raízes e na quantidade de frutos e folhas. No continente europeu, nenhum nemátode das lesões radiculares é considerado como problemático para os citrinos.

Os sintomas causados pelos NFP são comuns aos provocados por outros organismos, dificultando a identificação rápida do agente patogénico.

Nos citrinos, os sintomas são: diminuição do crescimento da parte aérea, redução de vigor generalizada, enrolamento e amarelecimento das folhas, queda de folhas pronunciadas, frutos de menor dimensão e murchidão durante períodos de stress hídrico. Em termos radiculares, ocorre um menor desenvolvimento radicular, as raízes ficam escuras e com sinais de apodrecimento. O controlo destes NFP assenta basicamente em medidas preventivas. Deve ser evitada a utilização de porta-enxertos de zonas onde o nemátode está presente, preferindo material devidamente certificado e/ou que apresente resistência ao nemátode. Na Europa, o nemátode dos citrinos (T. semipenetrans) faz parte da lista de pragas regulamentadas não sujeitas a quarentena na UE (2019). O nemátode cavernícola (R. citrophilus), apesar de não estar presente no continente europeu, está listado como organismo de quarentena A1 (pela OEPP). Atualmente, em Portugal, a regulamentação em vigor (Decreto-Lei n.º 82/2017) apresenta uma lista de vários organismos nocivos para citrinos, estando as espécies P. vulnus e T. semipenetrans referenciadas (…).

→ Leia o artigo completo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024

Autoria (Equipa NemaLab):

Pedro Barbosa, Madalena Mendonça, Carlos Gutiérrez-Gutiérrez, Margarida Espada, Cláudia S. L. Vicente

Universidade de Évora