Robótica, inteligência artificial e Big Data marcaram a IV Feira de Inovação Agrícola do Fundão, que decorreu entre 3 e 6 de julho, reunindo tecnologia de ponta, debates estratégicos e demonstrações em campo.

A IV Feira de Inovação Agrícola do Fundão decorreu, entre os dias 3 e 6 de julho de 2025, mais uma vez na Praça Amália Rodrigues, junto ao Centro de Negócios e Serviços do Fundão, mas também nas Quintas Experimentais do Município do Fundão.

A Feira foi subordinada ao tema “O Papel da Robótica, IA e Big Data na Agricultura” e contou com expositores com as mais modernas soluções de mecanização e robótica, concursos de animais, exposições, palestras, apresentações técnicas, demonstração de campo, espaço de networking, e momentos de degustação de produtos endógenos da região.

Inovação, conhecimento, tecnologia, interatividade e demonstrações em contexto real da mais avançada tecnologia ao serviço do setor agrícola foram mais uma vez os ingredientes para conhecer o que mais de moderno se pratica na agricultura em Portugal.

O papel da Agricultura na economia portuguesa foi também debatido, ao longo dos dias da feira, num ciclo de conferências, palestras, mesas redondas e painéis de debate, num evento que se constituiu como o local indicado para abordar as principais questões agrícolas e para o incremento de contactos e negócios.

Paulo Fernandes fala à reportagem Voz do Campo

“O percurso da Feira tem sido rápido, e isso deve-se ao próprio ritmo da inovação”, afirma o autarca, sublinhando que “a tecnologia acelerou também a evolução da própria FIA”. Segundo Paulo Fernandes, questões como a sustentabilidade, a valorização dos produtos, a digitalização dos circuitos e o uso eficiente da água são hoje centrais na agricultura e estão todas presentes na programação da Feira.

“A inovação deixou de ser apenas uma tendência para se tornar um fator determinante na competitividade agrícola. A FIA tem conseguido juntar soluções tecnológicas com aplicação prática, em contacto direto com os agricultores. Há demonstrações no terreno e aprendizagem mútua”, sublinha o edil. Paulo Fernandes salienta também o papel da equipa municipal, liderada pelo vereador Pedro Neto, na consolidação da Feira como uma referência nacional e até internacional.

“O crescimento rápido da FIA deve-se muito a uma equipa excecional, com capacidade de trabalho e visão”, vinca.

A presença do Governo foi, para Paulo Fernandes, um reconhecimento claro da relevância do evento e do trabalho desenvolvido no concelho.

“A presença do Secretário de Estado da Agricultura mostra que há atenção por parte do Governo às boas práticas de inovação no mundo rural. O Fundão tem mostrado como se pode criar valor através da agricultura e das suas marcas identitárias, como a Cereja do Fundão ou os queijos da Beira Baixa, que recentemente foram premiados a nível internacional”.

Nesse sentido, refira-se que durante o certame foi assinado um protocolo para a criação de um centro de transferência de conhecimento dedicado à valorização genética de raças autóctones, nas vertentes bovina, ovina e caprina. Segundo Paulo Fernandes, “o objetivo é apoiar os nossos produtores com instrumentos concretos para melhoramento animal, seja na carne ou no leite. Queremos valorizar os melhores exemplares e garantir que são preservadas as características únicas das raças autóctones”.

Ricardo Gonçalves, responsável pela Divisão de Inovação do Município do Fundão

Para Ricardo Gonçalves, responsável pela Divisão de Inovação do Município do Fundão, a Feira é o reflexo de uma estratégia mais ampla que o território tem vindo a seguir.

Segundo o responsável, “a inovação agrícola está naturalmente inserida no nosso ecossistema. O painel de discussão que organizámos com a GOFAR – entidade que organiza a FIRA de Toulouse – trouxe para o Fundão uma discussão avançada sobre o papel da robótica, da inteligência artificial e da análise de dados na agricultura de hoje e de amanhã”.

Ricardo Gonçalves destaca ainda o percurso que tem sido feito para criar um território cada vez mais sustentável e competitivo. “Temos apostado num ecossistema que oferece infraestruturas, competências, serviços e uma rede muito forte de parceiros – desde empresas a universidades – o que permite trazer soluções e oportunidades aos agricultores locais”, sustenta.

Segundo Ricardo Gonçalves, a tecnologia foi sendo integrada de forma natural nas práticas agrícolas locais. “A inovação acabou por casar com a identidade do território – o saber-fazer, os produtos de excelência e a experiência dos nossos agricultores. E isso só foi possível porque o Município sempre deu autonomia às equipas, investiu em capacitação e formação, e criou condições para o surgimento de projetos disruptivos, como o FabLab ou o centro de formação avançada”, frisa.

João Moura, Secretário de Estado da Agricultura

O Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, marcou presença na FIA, sublinhando a importância do evento no contexto nacional. “Há eventos agrícolas importantes em todo o país, mas nenhum tão centrado na tecnologia aplicada à agricultura como este. O Fundão soube posicionar-se com uma feira focada na eficiência, na inovação e na sustentabilidade”, destaca.

Segundo o governante, é fundamental atrair novos perfis para o setor. “Queremos que os jovens se sintam motivados a escolher a agricultura como caminho profissional. Os cursos de agronomia e as escolas agrícolas têm hoje um papel central nesse esforço de atração. A agricultura atual é altamente tecnológica, eficiente e amiga do ambiente”, afirma.

João Moura sublinha ainda a importância dos novos centros de conhecimento que estão a surgir, como o Centro de Transferência de Conhecimento dedicado à valorização genética das raças autóctones.

“Queremos apoiar o melhoramento animal e a valorização dos produtos com impacto direto na rentabilidade da produção. Se conseguimos que um animal transforme melhor o alimento em carne, por exemplo, isso representa um ganho direto para o agricultor. O mesmo se aplica ao aproveitamento de subprodutos e à valorização local do que produzimos. Portugal precisa de reter mais valor no seu território. É inadmissível que produtos portugueses de excelência saiam para o estrangeiro para ganhar valor e regressem depois ao nosso mercado”, argumenta João Moura.

Segundo o Secretário de Estado da Agricultura, um dos principais desafios atuais está na aplicação prática dos resultados científicos. “Temos muitos centros de competência e tecnológicos, mas o conhecimento tem de ser transferido. O trabalho final não pode ser apenas o artigo científico. Tem de haver aplicação prática, com impacto real na produção. O Ministério da Agricultura tem de cumprir esse papel formativo na sociedade”, conclui.

Para Pedro Neto, vereador responsável pela agricultura no município do Fundão e principal impulsionador da iniciativa, “o balanço que fazemos desta edição é extremamente positivo”.

Pedro Neto fala à reportagem Voz do Campo

Esta quarta edição da Feira de Inovação Agrícola reforçou a sua posição como o maior evento do género em Portugal. “Nos últimos quatro dias tivemos investigadores de várias geografias, desde o Chile, Europa e Estados Unidos, a apresentar projetos e soluções reais para problemas atuais na agricultura”, refere à nossa reportagem o vereador. Para além disso, “tivemos dezenas de empresas europeias a demonstrar robótica, drones e inteligência artificial aplicados ao setor agrícola”. Pedro Neto destaca também “um dos maiores concursos nacionais em parceria com a Associação de Criadores da Raça Limousine, com cerca de 100 animais de genética e qualidade extraordinárias”, classificando-o como um dos momentos altos da Feira.

A presença também da Ovibeira com o concurso das raças autóctones foi igualmente relevante. “Foi a primeira vez que realizámos um leilão de animais dessas raças para disseminação entre os produtores (…) algo que ambicionávamos há muito tempo”, enaltece o vereador, acrescentando ao mesmo tempo que o objetivo é “continuar a melhorar e ajudar os agricultores a terem acesso a mais informação, soluções e tecnologia”.

Comparando com a edição anterior, o vereador afirma que “crescemos em área e número de expositores”.

Um destaque especial foi dado à internacionalização do evento, que contou com “cerca de 40 expositores vindos de França, Espanha e Itália, que trouxeram equipamentos para vitivinicultura, produtos hortícolas e outras culturas como a cereja”. Segundo Pedro Neto, “conseguimos captar empresas que produzem o que há de melhor na robótica agrícola além-fronteiras, mas também demos palco a startups portuguesas para apresentarem os seus produtos”.

Para o vereador, a Feira é o culminar de um trabalho contínuo de procura e teste de novas soluções: “Convidamos empresas e investigadores para testarem tecnologias nos nossos campos experimentais ao longo do ano, e depois fazemos a disseminação de resultados aqui na Feira”.

O certame foi transversal a todas as áreas do setor agrícola. As conferências em sala foram um bom exemplo disso.

Sobre a abrangência do certame, Pedro Neto explica que “tentamos que a feira seja transversal a todas as áreas do setor agrícola do nosso território, que funciona como um laboratório natural, com cultivares diversos”. Destaca que, embora o segundo dia da FIA fosse dedicada à cereja, “também houve simpósios e workshops focados em pecuária, produção de queijo, olival e vitivinicultura”.

No que toca ao setor animal, Pedro Neto sublinha a importância da preservação das raças autóctones. “Ainda este ano usufruímos do título de melhor queijo do mundo, graças à qualidade da matéria-prima, leite oriundo das raças Charnequeira e Merino da Beira Baixa, que têm características únicas do nosso território”. Por isso, “a preservação destas raças é um eixo prioritário, e temos desenvolvido várias iniciativas em parceria com a Ovibeira, incluindo as Jornadas de Valorização de Raças Autóctones”.

Para apoiar os produtores, o município decidiu “criar um efetivo próprio destas raças, permitindo disponibilizar animais para os produtores e trabalhar programas de melhoramento genético”.

Pedro Neto explica que “o leilão de animais autóctones realizado durante a Feira foi um marco para a disseminação destas raças”.

Ainda durante o certame, foi inaugurada a Unidade Experimental Agroalimentar e o Centro de Melhoramento e Performance de Raças, que visa “selecionar animais que comam menos, cresçam mais e produzam menos metano, tornando-os mais rentáveis e sustentáveis para os produtores”.O Fundão é um exemplo nacional pela sua dinâmica municipal na valorização e apoio ao setor agrícola. Pedro Neto reforça afirmando que, “não bastava uma intervenção pontual, era necessário um investimento estruturado e musculado para criar campos experimentais, testar equipamentos e variedades, e desenvolver programas de melhoramento focados no nosso território”.

O Centro Agrotech foi criado para “dar resposta aos desafios atuais e garantir transferência de conhecimento para os agricultores”.

Ao finalizar, o vereador destaca a importância da rede de parceiros que o município construiu. “Trabalhamos com quase uma centena de entidades públicas e privadas, o que faz toda a diferença”. Assim sendo, para Pedro Neto, “a Feira de Inovação Agrícola já é um evento obrigatório, que traz uma vantagem competitiva para os agricultores e para a região”. A presença das empresas e dos equipamentos mais avançados “é um benefício direto para quem produz no Fundão, e por isso a feira deve continuar e prosseguir o seu caminho”, termina.

→ Leia a reportagem completa da IV Feira de Inovação Agrícola do Fundão, na Revista Voz do Campo edição de agosto/setembro 2025, disponível no formato impresso e digital.

Veja o vídeo dos principais momentos do balanço feito pelo vereador Pedro Neto:

A Voz do Campo esteve no local.
Veja alguns momentos:


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