Em entrevista, Pedro Santos Vaz, presidente da direção da Associação Portuguesa de Engenharia Zootécnica (APEZ), anuncia a realização do ZOOTEC’25, Congresso Nacional de Zootecnia, de 23 a 25 de outubro de 2025, no Instituto Superior de Agronomia, em Lisboa. A edição, que assinala os 25 anos do evento, pretende ser uma das mais marcantes, reforçando a ligação entre ciência, inovação e o setor agropecuário.

Qual o balanço que a APEZ faz destes 25 anos de Congresso Nacional de Zootecnia?
O balanço é extremamente positivo. Ao longo de 25 edições, o ZOOTEC consolidou-se como o principal fórum técnico-científico nacional na área da Zootecnia, criando uma ponte entre a investigação, a formação académica e a aplicação no terreno. Tem sido um espaço de encontro único para profissionais, investigadores, empresas e estudantes, onde se discutem soluções para os desafios atuais e futuros do setor e também, onde se dão a conhecer os mais recentes avanços científicos nas áreas ligadas à produção animal.

Pedro Santos Vaz, presidente da direção da APEZ

Que momentos ou edições anteriores considera mais marcantes?
É difícil escolher apenas alguns momentos, pois todas as edições do ZOOTEC têm alguma particularidade que gostaríamos de salientar. Temos, obviamente de destacar a primeira edição (1988 – Évora), que marcou o arranque de um projeto ambicioso e pioneiro, e também a edição que reuniu um número recorde de participantes e trabalhos científicos (1999 – Porto), demonstrando o interesse crescente da comunidade. A edição de 2021, realizada online devido à pandemia, mostrou a resiliência e a capacidade de adaptação dos Zootécnicos, garantindo a continuidade da partilha de conhecimento mesmo em circunstâncias excecionais. Em 2022, não houve ZOOTEC, uma vez que Portugal recebeu o Congresso Europeu de Ciência Animal, um evento de dimensão mundial mostrando, mais uma vez, a nossa capacidade organizativa e a “raça” da nossa profissão. Na edição passada, pela primeira vez o ZOOTEC decorreu fora do meio académico e organizámos um ZOOTEC de grande sucesso no Espaço Agros. Por último, aguardamos que a próxima edição seja igualmente marcante, com uma “estreia” na capital, no Instituto Superior de Agronomia.

Que impacto teve o Congresso na afirmação da Engenharia Zootécnica em Portugal?
O ZOOTEC contribuiu, e continua a contribuir, de forma decisiva para dar visibilidade à Zootecnia, mostrando a sua relevância para a sustentabilidade, inovação e competitividade do setor agropecuário. Ao reunir num mesmo espaço diferentes áreas do conhecimento e setores de atividade, reforça o papel dos Zootécnicos como agentes de desenvolvimento e inovação. É palco de partilha científica e experiência de campo.

Vai existir alguma sessão especial ou iniciativa comemorativa destes 25 anos durante o evento?
Será uma oportunidade para revisitar o caminho já percorrido e projetar o futuro da profissão e do próprio evento. Teremos uma exposição com os cartazes de todas as edições, que permitirá recordar a história e a evolução do congresso. Haverá ainda um momento especial que, para não lhe retirar a magia, preferimos manter em segredo por agora.

Quais são os principais constrangimentos que enfrenta o setor no nosso país neste momento?
O setor já se habituou a viver em permanente estado de alerta com crises e ameaças sucessivas. Hoje enfrenta grandes incertezas resultantes da conjuntura internacional e política, estando em debate a reestruturação da PAC e a possível nacionalização de parte dos apoios. Os conflitos e tensões geopolíticos são fatores de incerteza num sector dependente de matérias-primas e com os mercados de exportação com importância crescente. Para além disso, enfrentamos desafios relacionados com a sustentabilidade económica e ambiental, a escassez de mão-de-obra qualificada, as exigências crescentes dos consumidores, a necessidade de adaptação às alterações climáticas e a procura de produtos de origem animal com padrões de exigência cada vez mais elevados.

Nesse sentido, como tem sido feita a ligação entre o Congresso e os desafios enfrentados no terreno?
O programa do ZOOTEC é pensado para dar resposta aos desafios concretos que os profissionais enfrentam. As sessões incluem não só apresentações científicas, mas também a partilha de resultados de investigação, mesas-redondas, e momentos de networking que proporcionam a troca de experiências, a apresentação de casos de estudo e o debate de soluções práticas.

Que temas vão estar em destaque nesta edição?
O tema da sessão inaugural será “A eficiência na Era da Digitalização”, mas ao longo do Congresso serão explorados outros temas abrangentes e de grande relevância, tais como: Bem-Estar Animal, Conservação Animal, Economia e Gestão, Melhoramento Animal, Nutrição e Alimentação Animal, Produção Animal e Serviços Eco-Sistémicos, Reprodução Animal, Tecnologia e Segurança Alimentar, Zootecnia de Precisão, Zootecnia e Ambiente, entre outros.

Pode desvendar um pouco o programa que está a ser preparado?
Estamos a preparar um conjunto de painéis que irão ligar a investigação à realidade do campo. A sessão inaugural terá como tema “A eficiência na Era da Digitalização”.

O ZOOTEC’25 contará com conferências plenárias de oradores nacionais e internacionais, sessões científicas para apresentação de trabalhos, mesas-redondas temáticas, espaço de exposição empresarial, momentos de networking e visitas técnicas.
Um dos pontos altos será o aguardado jantar do evento, onde serão atribuídos os prémios Joaquim Lima Pereira, Zootécnico do Ano, Melhor Aluno de 1.º e 2.º ciclo e Prémio APEZ-IACA. Mais do que uma cerimónia, este momento é de descontração, reencontro e partilha de histórias entre colegas e amigos da Zootecnia.

No seu entender, quais serão os momentos altos desta edição?
Acreditamos que a sessão inaugural será particularmente inspiradora, dado o carácter atual e relevante do tema. As conferências plenárias e as mesas-redondas irão certamente atrair muito interesse. Importa ainda destacar os momentos sociais, essenciais para o networking, bem como as visitas técnicas, que encerrarão o Congresso com uma ligação prática ao terreno.

Que expetativa tem para o ZOOTEC 2025?
Temos a expetativa de realizar uma das edições mais marcantes e mais participadas de sempre. Pela primeira vez em Lisboa, e num espaço emblemático como o Instituto Superior de Agronomia, acreditamos que vamos atrair um público ainda mais diversificado e reforçar a dimensão internacional do evento. A nossa ambição é superar a marca das 300 inscrições, e já registamos um número notável de trabalhos submetidos, ultrapassando os 150. Prevemos ainda uma forte presença de colegas do Brasil e de Espanha, o que contribuirá para uma troca de experiências ainda mais rica.

Sabendo que a Associação está ligada a vários projetos há algum que queira destacar?
O papel da APEZ é, acima de tudo, representar os seus associados, promover sinergias e divulgar a Zootecnia, assumindo-se como uma instituição fundamental para a formação contínua dos Zootécnicos. Entre os diversos projetos a que estamos envolvidos, destacamos o reforço da cooperação com a Associação Brasileira de Zootecnistas e a expansão dessa parceria a outros países da CPLP, fortalecendo a ligação entre os profissionais lusófonos e criando oportunidades de negócio e parcerias estratégicas.

A Revista Voz do Campo é media partner oficial do evento e fará a cobertura presencial completa, oferecendo aos seus leitores e seguidores uma visão abrangente sobre as inovações na zootecnia e nas ciências animais.

→ Saiba mais em: www.zootec.apez.pt

 

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