A reportagem Voz do Campo foi ao encontro de Macário Correia, para na qualidade de presidente da Associação de Beneficiários do Plano de Rega do Sotavento do Algarve, nos responder a algumas questões:

Em representação de uma importante Associação de Regantes que superiormente lidera, que medidas em seu entender poderão/poderiam ser mais indicadas para bem da agricultura no Algarve, com especial incidência nas frutícolas mais representativas, caso dos citrinos e do abacate?

Os citrinos e os abacates que são as principais culturas do nosso perímetro, são na sua larga maioria plantações feitas com excelente tecnologia de uso da água.

Os abacates que são uma cultura da última década, estão instalados com as mais modernas soluções de gestão da água. Com regas a horas adequadas, com controle computorizado de todos os parâmetros e com tubagens de alta eficiência. Quem faz abacates são agricultores modernos e muito conscientes da escassez da água.

Os citrinos têm consumos de água semelhantes aos abacates e são a nossa principal cultura, tendo pomares recentes e outros mais antigos. Nos mais recentes a tecnologia é de ponta tal como nos abacates. Apenas alguns pomares mais antigos e em pequena propriedade não serão tão bem equipados.

Todas estas culturas são feitas com regas abaixo da dotação COTR o que revela bem o cuidado dos seus agricultores.

Deveria considerar-se a hipótese de uma intervenção mais técnica no terreno, refiro-me por exemplo a uma reconversão dos pomares, com a implementação de sistemas de cultura mais inovadores, variedades diferentes … e até mesmo uma melhor organização do setor, para que mais facilmente se possam suportar os impactos das medidas que estão a ser impostas?

O setor está organizado e com inovação na condução das culturas. O problema não está nos agricultores, os quais fazem todos os dias o melhor que podem e sabem. O problema da água no Algarve é um assunto que cabe ao Estado e aos seus políticos resolverem. Temos uma seca que dura há 9 para 10 anos e as medidas tomadas para o armazenamento de água não foram nenhumas. Quando se precisavam de estadistas com visão e com decisões a tempo, tivemos um ministro do Ambiente no Governo anterior que era contra as barragens. Reside aqui a culpa de nada se ter feito e por isso estamos nesta situação. Quando se deveria ter avançado com as barragens das ribeiras de Alportel, Foupana e Monchique nada se fez.

→ Leia o artigo na Revista Voz do Campo: edição de fevereiro 2024