Durante a sua comunicação na recente Reunião Geral da Indústria da IACA, Ricardo Braga, professor auxiliar do ISA – Instituto Superior de Agronomia, defende que os dados e a sua análise são hoje o maior trunfo para aumentar a competitividade agrícola e que a tecnologia já está ao alcance dos agricultores.

“O problema não está na tecnologia, está na adoção”

“A Agricultura de Precisão não é nova. A sua origem remonta aos anos 80 do século passado e em Portugal falamos dela há pelo menos duas décadas. No entanto, os resultados no campo são ainda muito parcos, para não dizer, para não ser mais pessimista”, afirmou Ricardo Braga, professor auxiliar do Instituto Superior de Agronomia (ISA), durante a sua comunicação na recente Reunião Geral da Indústria da IACA. Na sua apresentação, Braga mostrou uma série de dados e infografias que reforçam o potencial da Agricultura de Precisão para tornar as explorações mais competitivas, mas também destacou o grande fosso entre o conhecimento disponível e a sua aplicação prática.

Dados: o novo ativo estratégico da exploração agrícola

Segundo o docente, “a digitalização ajuda na competitividade, porque a necessidade de aumento da área de cultivo é um imperativo para ganhar escala”. Com áreas maiores, vem também maior variabilidade de solos, topografia e potenciais erros de gestão. É aí que entram ferramentas como a Variable Rate Technology (VRT), que ajusta as intervenções no campo às necessidades específicas de cada zona. “Estamos a falar de aplicar exatamente o que a cultura precisa em cada local, nem mais, nem menos. Isso é Agricultura de Precisão”, explicou. Braga sublinhou que, apesar de frequentemente associada à tecnologia, a definição atual da Agricultura de Precisão, validada pela ISPA (International Society of Precision Agriculture), “nem sequer menciona a palavra ‘tecnologia’. Foca-se nos dados e na sua análise”.

O ciclo da precisão: do dado à decisão

A apresentação seguiu com a explicação do ciclo da Agricultura de Precisão, que parte da análise da variabilidade do campo, passa pela transformação dos dados em decisões e termina com a aplicação diferenciada das operações agrícolas. “Este ciclo é intenso em conhecimento, gestão e disciplina”, frisou.

O docente exemplificou com um caso concreto numa exploração em Benavente, onde durante quatro anos se trabalhou com um equipamento da John Deere para recolha de dados em campos de milho para silagem. “Estamos a falar de zonas a produzir 20 toneladas por hectare a vermelho, e outras com 80 toneladas a verde. Se nos guiássemos pela média, teríamos 52.7 toneladas por hectare. Mas isso esconde uma enorme variabilidade” (…).

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