Tiago B. Ramos, MARETEC/LARSyS,
Instituto Superior Técnico, Universidade de Lisboa
Introdução
O solo é constituído por partículas minerais e orgânicas, cujo arranjo, organização e orientação formam um meio poroso que permite a retenção e a transferência de água e gases no solo. A capacidade de um solo reter água é determinada pela dimensão e quantidade dos poros que formam o meio poroso. Quanto maior o poro, menor a força com que a água é retida. A relação entre as forças de retenção de água nos poros de várias dimensões e os respetivos teores de água é dada pela curva característica da água do solo. O seu conhecimento é fundamental para uma eficiente gestão da rega, de modo a manter a humidade do solo dentro de valores que favoreçam o uso eficiente da água pelas plantas, com redução de perdas.
Este trabalho revê, muito sumariamente, alguns dos conceitos básicos da água do solo e apresenta a informação disponível para caracterização hidráulica dos solos portugueses.
Noções básicas da água do solo
De forma simples, os solos são caracterizados hidraulicamente por dois valores de referência, geralmente designados por constantes de humidade: a capacidade de campo e o coeficiente de emurchecimento permanente (Fig. 1).
A capacidade de campo corresponde ao teor de água na zona das raízes a partir do qual a drenagem se torna quase nula. A manutenção do teor de água acima deste limite resulta inevitavelmente num excesso de água que se perde em profundidade e não é aproveitado pelas plantas. O coeficiente de emurchecimento permanente corresponde ao teor de água do solo abaixo do qual as forças que ligam o solo às moléculas de água são tão fortes que as plantas deixam de conseguir extrair essa água. As duas constantes de humidade limitam, portanto, a água do solo disponível para as plantas, sendo que quanto mais perto a humidade do solo estiver da capacidade de campo, maior o conforto hídrico das plantas.
As constantes de humidade dependem de propriedades básicas do solo como a textura, estrutura e teor de matéria orgânica. Os solos grosseiros (arenosos) apresentam menor capacidade de retenção que os solos pesados (argilosos) (Fig. 2). Nos primeiros, a porosidade, formada pelo arranjo de partículas de maiores dimensões, é menor (…).
